O USO DO DISPOSITIVO TÉCNICO DE REFERÊNCIA EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA

  • Author
  • Francine Melo Santana
  • Co-authors
  • Bruna Pereira dos Santos Menezes , Calliane Milena Reis , Elizabeth Maia de Oliveira Lessa , Dejanice Pereira da Silva , Gabriela Mendes Souza , Ivana Alves Costa , Mirivan Gama Miranda
  • Abstract
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    Ainda é fato a existência de hospitais psiquiátricos. O desafio continua posto: superar o modelo manicomial. Nesse contexto, Basaglia quando perguntado sobre o que fazer enquanto o manicômio não se abre, responde: “Abrir a instituição!”. É nessa lógica que apresentamos o dispositivo técnico de referência, como uma possibilidade de cuidado dentro do Hospital Psiquiátrico no município de Salvador. Na literatura, esse dispositivo aparece no contexto dos serviços substitutivos, principalmente nos Centros de Atenção Psicossocial. O trabalho tem o objetivo de abordar, essa estratégia no contexto do hospital psiquiátrico, uma vez que, estando nessa instituição, as pessoas tornam-se invisíveis. Essa invisibilidade que pretendeu-se reduzir, através da valorização do sujeito e de suas peculiaridades. A Metodologia utilizada foi implantação do dispositivo técnico de referência, o qual permitiu que um ou mais profissionais se aproximassem de um paciente de modo singular, permitindo elaborar junto com ele um Trabalho Individual que contemplasse as dimensões do sujeito, desde o aspecto mais subjetivo e individual até suas necessidades sociais mais concretas. Com isso foi feito o levantamento de quantos usuários havia na internação no momento da execução do projeto; a distribuição dos usuários internados entre os técnicos de referência, de acordo com os vínculos estabelecidos para atendimento individual, atendimento familiar, visitas domiciliares quando necessário, encaminhamento para outros serviços públicos e reunião semanal dos técnicos de referência para discutir as vicissitudes dessa prática, além dos casos clínicos. A partir dessa metodologia concluímos que a estratégia ao “distribuir” os usuários da internação entre os técnicos de referência, de acordo com os vínculos estabelecidos, possibilitou em muitos casos que estes agenciassem de forma terapêutica as demandas dos usuários, construindo e efetivando, de fato, Planos Terapêuticos Individualizados (PTI). O fato dos usuários serem distribuídos entre os técnicos não fez com que nenhum deles tivesse o atendimento negligenciado por nenhuma das categorias profissionais; muito pelo contrário, otimizou o cotidiano de trabalho e ainda possibilitou um trabalho mais integral com as famílias.  Observamos também que houve, nessa perspectiva de cuidado integral, atendimentos individualizados e atendimentos em grupo, tanto a usuários quanto a familiares, tanto no locus hospitalar quanto no locus familiar. Houve também a realização de visitas domiciliares de acordo com a identificação das demandas singulares de cada sujeito, dentro dos seus contextos sociais, culturais e econômicos. Também pode se relatar visitas institucionais realizadas com o objetivo de garantir atendimento integral, interinstitucional e intersetorial, de forma resolutiva aos casos. Visitas estas feitas ao Ministério Público, às Organizações Não Governamentais (ONG´s), a instituições religiosas, a outros serviços de saúde da rede, a outros dispositivos de saúde mental da rede em Salvador. A questão do vínculo também foi bastante trabalhada, principalmente no momento da alta assistida onde, em muitos casos, superou-se a lógica dos encaminhamentos, e passou-se a referenciar e transferir os casos para outros serviços da rede. Entretanto, foi ponderado nas narrativas dos profissionais o limite institucional do enfrentamento desse modo de cuidar e que os diálogos potencializaram práticas, pois a frustração que gera inquietação, acaba por gerar também mudanças, pontuais e possíveis.

  • Keywords
  • Saúde Mental, Técnico de Referência, PTI
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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