Apresentação: O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus que tem como principal forma de transmissão o ato sexual, causando uma infecção sexualmente transmissível (IST), sendo considerado um problema de saúde pública que acomete homens e mulheres. Havendo dois tipos de HPV, os de baixo ou de alto risco oncogênico. O HPV de alto risco ou oncogênico está associado a lesões intraepiteliais escamosas de alto grau e aos carcinomas. Os HPV oncogênicos que possuem maior relação com o desenvolvimento de câncer são os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos carcinomas escamosos. No Brasil o câncer de colo de útero é o terceiro tipo de câncer mais incidentes nas mulheres. Estima-se que para cada ano do triênio de 2023 a 2025, 17.010 novos casos de câncer de colo de útero, correspondendo ao um risco estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. Considerando os riscos do HPV na saúde da mulher, busca-se com esse estudo conhecer o contexto atual e as desigualdades de acesso relacionadas ao HPV16 e HPV18 em mulheres que residem no meio rural em comparação com mulheres urbanas. Método do estudo: Trata-se de ensaio teórico do tipo reflexivo, oriundo dos estudos e das discussões realizadas na disciplina de Atenção à Saúde no Contexto de Ruralidade, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ruralidade da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O presente estudo parte com objetivo de construir uma reflexão e compreender o contexto, considerando elementos fundamentais como o desenvolvimento de uma pesquisa voltada à saúde no contexto de ruralidade. Nesse estudo, visando explorar a saúde da mulher no meio rural, voltado mais especificamente ao HPV 16 e 18. Considerando que o estudo trata-se de um artigo de reflexão, e não uma revisão de literatura, os critérios de exclusão e inclusão não foram deliniados para a para separação do material bibliográfico. As referências teóricas utilizadas nesse estudo foram abordadas pela própria autora, considerando a abordagem acerca do tema, independente do recorte temporal, objetivando reflexões e contextualizações sobre o tema. Resultados: O agente causador da Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais frequente no mundo atualmente é o Papilomavírus Humano (HPV). Essa doença é um importante fator de risco para o desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas do colo uterino. Se tem mais de 170 tipos diferentes de HPV, infectando principalmente a mucosa dos órgãos genitais, trato respiratório superior e pele. Os tipos de HPV considerados de alto risco são o HPV16 e HPV18. O HPV16 em especial, é o tipo mais oncogênico, sendo responsável por aproximadamente 50% de todos os cânceres cervicais no mundo. Em estudo com amostra de 211 mulheres do meio rural, demonstrou que 14,2% da população estava infectada pelo HPV. Comparando a realidade urbana versus rural, evidenciou-se uma maior prevalência de HPV na amostra urbana em contraposição à rural. No entanto, em um estudo desenvolvido com 341 mulheres em área rural do Nordeste brasileiro foi detectada positividade para o HPV de 26%. Tendo como fatores de risco ser solteira e idade inferior a 20 anos. Em outro estudo realizado na cidade de Pacoti com 734 mulheres, sendo, 412 residentes no meio urbano e 322 no meio rural, avaliando a infecção por IST, a mais prevalente foi a infecção pelo HPV. A doença acometeu cerca de 11,7% da amostra total de participantes. Apesar dos achados sobre infecções por HPV em mulheres, ainda se tem poucos estudos acerca da prevalência, especialmente com mulheres do âmbito rural. Infelizmente, dados populacionais sobre prevalência de IST são escassos no Brasil, havendo apenas dois estudos publicados. Evidenciando desse modo, a importância de uma maior atenção e cuidado a essa população. Mulheres residentes do meio rural tem maiores dificuldades no acesso às informações, deixando-as mais vulneráveis a agravos de saúde. É imprescindível pontuar que o acesso à saúde é uma relevante dimensão das desigualdades entre áreas urbanas e rurais. O acesso nas áreas rurais é menor, devido a vulnerabilidade social da população e das dificuldades maiores de acesso que esses grupos estão submetidos. As disparidades entre as áreas urbanas e rurais, nos estágios de desenvolvimento socioeconômico, contribuem para a desigualdade no acesso a uma série de itens básicos para a qualidade de vida. Quando se refere à qualidade de vida, o acesso à saúde é considerado um determinante fundamental. Estudos mostram que, a saúde da população rural é mais precária quando comparada à população urbana. A população rural busca menos pelo serviço de saúde. Tal fato pode-se relacionar as maiores distâncias de deslocamento para acesso aos serviços de saúde. Estudos mostram que nas capitais e grandes cidades do Nordeste, as mulheres têm acesso a serviços de saúde reprodutiva. Assim como, em alguns centros especializados há serviço de diagnóstico e tratamento para ISTs. Porém, no meio rural subdesenvolvido, há carência desses serviços. Dessa forma, se pode afirmar que a infecção por HPV é altamente prevalente na população feminina do meio rural, estando associadas a considerável morbidade. Assim, se pode refletir que há uma necessidade urgente de atenção a essas populações, fornecendo cuidados de saúde e avaliando os fatores que predispõem essas mulheres a maiores níveis de infecção. A saúde da mulher é um tema que abrange vários aspectos que de forma direta ou indireta envolve as dimensões social, educacional e as políticas públicas de saúde. Devendo-se como profissional da saúde ver essa mulher além da doença ou agravo, compreendendo o contexto, estilos de vida e fatores que podem deixar a população alvo mais susceptível. Considerações finais: A IST mais frequente no mundo atualmente é o HPV. Acometendo grande parcela do público feminino residente do meio rural e urbano. Porém, o contexto atual das mulheres rurais é mais preocupante. Por meio dos dados encontrados no estudo se pode afirmar que o contexto de infecção, acesso a serviços de saúde e informação por mulheres rurais as deixa mais vulneráveis que o público feminino residente do meio urbano. Mulheres residentes do meio rural tem maiores dificuldades no acesso às informações, em virtude das desigualdades relacionadas a gênero e trabalho, à distância de deslocamento da residência ou trabalho e o acesso ao sistema de saúde; os serviços de saúde locais com maior precariedade e à organização e visão inadequada da rede de saúde para acolher e atender os agravos de saúde da população rural. Tornando-as mais susceptíveis a agravos de saúde. Dessa forma, com o presente estudo se pode concluir que o HPV é um problema de saúde pública que acomete grande parcela do público feminino rural, havendo a necessidade urgente de atenção a essas populações, fornecendo cuidados de saúde e ampliando os horizontes de forma a considerar as realidades vividas por esse público.