INTRODUÇÃO: A presença de alunos no cotidiano de serviços tem potencial para fortalecer o aprendizado, promovendo uma troca com os residentes de medicina de família e comunidade (MFC), preceptores e demais profissionais da equipe. OBJETIVO: Analisar a interação interno-residente no internato em MFC de uma Universidade federal mineira, segundo os estudantes. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo descritivo transversal, realizado entre abril e agosto de 2023, com discentes que cursaram o internato de MFC. No local estudado coexistem atividades do internato e da residência médica em MFC vinculada à secretaria municipal de saúde, assim, o tempo de contato entre os estudantes e os internos correspondeu a um semestre. Foram autoaplicados questionários semi-estruturados, imediatamente ao final do internato, com perguntas em que os participantes refletiam a respeito da relação entre interno e residente. Para análise estatística, avaliou-se a frequência relativa e absoluta das respostas organizadas em escala de likert: concordo totalmente; concordo; nem concordo, nem discordo; discordo; e discordo totalmente. RESULTADOS: Foram entrevistados 81 estudantes, com predomínio do sexo feminino (53,0%; n=43) e idade média de 25 anos (Desvio-padrão: ± 2,6 anos). A relação com os residentes foi considerada majoritariamente muito boa (82,7%; n=67) ou boa (13,6%; n=11). A maioria dos internos concordaram totalmente com as premissas de que a interação interno-residente de MFC permitia a discussão de casos para contribuição da evolução em raciocínio clínico (74,1%; n=60), o atendimento de qualidade ao paciente (81,5%; n=66); o aprendizado mútuo (71,6%; n=58) e a otimização do serviço (76,5%; n=62). Houve apenas 2 discordâncias nas afirmações de que a interação interno-residente de MFC permitia o atendimento de qualidade ao paciente (1,2%) e o aprendizado mútuo (1,2%). CONCLUSÕES: A interação residente-interno viabilizou a discussão de casos, o atendimento de qualidade ao paciente, o aprendizado mútuo e a otimização do serviço. Desse modo, o presente trabalho aponta que a interação entre a residência e o internato em MFC pode apresentar benefícios para a formação médica, o cuidado ao paciente e a integração ensino-serviço-comunidade. Ressalta-se a importância de avaliar essa relação de forma mais aprofundada, contemplando a perspectiva de preceptores, gestores e tutores dos internatos em MFC dos cursos de Medicina.