Apresentação: Baseada no pensamento sistêmico, na teoria da comunicação, na pedagogia freireana e na antropologia cultural, a terapia comunitária propõe uma intervenção sistêmica na comunidade e nas redes de relações humanas, objetivando a promoção de saúde, a inclusão social, o fortalecimento de vínculos sociais e a formação de redes de solidariedade, compreendendo o sofrimento e o adoecimento como consequência do macro-contexto socioeconômico. Trata-se de uma modalidade de trabalho com grupos eficaz para a promoção de saúde mental e para a prevenção do adoecimento, que utiliza a comunidade como agente terapêutico através do resgate de sua própria cultura e identidade. Desde sua inclusão nas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, esse modelo terapêutico foi difundido e constitui uma importante alternativa para o cuidado em saúde mental em diversos pontos da Rede de Atenção Psicossocial, principalmente na atenção primária, mas também nos demais níveis. Assim, este estudo teve como objetivo analisar criticamente a literatura nacional que articula a terapia comunitária como estratégia de atenção psicossocial, buscando compreender suas possibilidades e limites no cuidado em saúde mental. Desenvolvimento: Realizou-se uma revisão sistemática da literatura, orientada pela pergunta norteadora “quais as possibilidades de utilização da terapia comunitária integrativa no cuidado em saúde mental?”. A busca e seleção de artigos foi operada nas bases de dados SciELO e PePsic, utilizando combinações entre os descritores “terapia comunitária”; “terapia comunitária integrativa”; “saúde mental”; e “atenção psicossocial”. Incluiu-se, na pesquisa, artigos completos publicados em língua portuguesa no período entre 2009 e 2023, ou seja, nos últimos 15 anos; a priori, não houve critérios de exclusão. Seguiu-se a recomendação PRISMA no fluxograma de seleção dos artigos, realizando primeiro seleção por meio da leitura dos títulos, depois dos resumos e por fim do texto completo, por meio do qual dois juízes independentes filtraram os trabalhos de interesse da pesquisa. Resultados: Foram encontrados 19 artigos na SciELO e 4 na PePsic, não houve duplicatas entre as bases de dados. No total, apenas 7 compuseram a amostra da pesquisa após a avaliação dos juízes. 71% dos artigos foram publicados em revistas de enfermagem e os demais em revistas de saúde pública e saúde coletiva. Predominaram pesquisas de delineamento qualitativo e percebeu-se a predominância de uma comunidade de pesquisadores ligados a uma mesma instituição. Observou-se a utilização da terapia comunitária para o fortalecimento de vínculos entre a comunidade para a solução de situações-problema dos participantes em três dos artigos selecionados. Em outro artigo, utilizou-se para promover integração e reabilitação psicossocial dos participantes. Um dos artigos explorou sua utilização na ampliação do cuidado e adesão ao tratamento por pessoas em situação de dependência química. Por fim, ressalta-se o uso para desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, sendo a espiritualidade como mais frequente. Considerações finais: Observa-se, predominantemente, um impacto positivo da terapia comunitária integrativa como estratégia de promoção de saúde mental em diversos contextos e como diferentes segmentos sociais, demonstrando ser uma modalidade com amplas possibilidades de utilização. Destaca-se, por fim, a necessidade de expandir pesquisas na área, especialmente para além do campo profissional da enfermagem.