Trata-se de um Relato de Experiência, de abordagem qualitativa e natureza descritiva, que tem por objetivo apresentar a ação de educação permanente ofertada aos profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS) para escuta, acolhimento e cuidado das mulheres em situação de violência. O cenário da experiência compreende a APS de um município do centro-oeste mineiro, envolvendo mais especificamente, as Equipes Saúde da Família (ESF) e Equipes Multiprofissionais (eMulti). A experiência desenvolveu-se em quatro etapas: 1) oficinas de educação permanente com o tema “A violência contra as mulheres e sua interface com a saúde mental e/ou o uso de drogas”. A oficina formativa aconteceu nas 30 ESF do município com vistas a identificar as características da população a que atende, mediante análise da experiência vivida na prática cotidiana de trabalho e, a partir da realidade, problematizar sobre escuta, acolhimento e cuidado das mulheres; 2) Inserção da temática nos grupos educativos como complementaridade às oficinas formativas; os profissionais abordaram os temas nos grupos destinados à população; 3) Sensibilização para as/os membros da Rede de Enfrentamento da Violência contra as mulheres com os resultados das oficinas e o desdobramento da atividade para a rede intersetorial; 4) Profissionais da Vigilância Epidemiológica realizaram sensibilização aos profissionais da APS a respeito dos processos de notificação e preenchimento das fichas do Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN). Como resultados, houve ampliação do entendimento sobre o cuidado às pessoas em situação de violência; qualificação das práticas realizadas pelos equipamentos envolvidos e fomento ao trabalho em rede. Buscou-se refletir sobre a necessidade de reconhecer que a violência aparece em forma de sofrimento mental e/ou uso de drogas no cotidiano dos serviços de saúde.