A pesquisa de dissertação de mestrado intitulada “Perspectivas do cuidado: Uma etnografia do trabalho de agentes sociais do Consultório na Rua do Município de São Paulo-SP” tem por objetivo analisar a(s) prática(s) e a(s) perspectiva(s) de cuidado de agentes sociais da política de atenção básica, direcionada para população em situação de rua, denominada Consultório na Rua. Entendemos por agente social, “o profissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção, a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e social, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e cultura das pessoas em situação de rua.” (Brasil, 2012, p. 32). Esta é uma pesquisa qualitativa, que utiliza a etnografia enquanto metodologia, para compreender a dinâmica do cuidado da população em situação de rua, realizada pelos agentes sociais. Recorremos à ferramenta metodológica da observação participante e aos diários de campo, como recurso de registro das observações. Neste trabalho descreveremos e analisaremos as características dos territórios de atuação, a partir das observações feitas com dois agentes sociais da mesma equipe de Consultório na Rua. A pactuação com os agentes sociais para participarem da pesquisa foi realizada através de conversas informais, mediante consentimento pelo TCLE, e de acordo com a disponibilidade dos dois agentes sociais. Foram observados territórios diferentes de atuação, com os conceitos de “micro-áreas”, definidas pelos participantes como “micro de rua” e “micro de equipamento”. A “micro de rua” tem características marcadas por pacientes em situação de rua, com atuação do agente social em “calçadas”, “praças”, “malocas”, “barracas” e em “cenas de uso”. Os usuários são caracterizados por se encontrarem em situação de vulnerabilidade, presença recorrente de uso de substâncias psicoativas, transtornos mentais, e enfermidades como tuberculose e Infecções Sexualmente Transmissíveis. A “micro de equipamento”, tem características marcadas por pacientes acolhidos em “hotéis sociais”, com atuação marcada por “acompanhamentos” e “articulação de rede” com estes serviços; os usuários acompanhados são idosos, as demandas em saúde destes usuários são marcadas por questões “sociais”, além de doenças crônicas, uso de substâncias e transtornos mentais. Hipotetizamos que as diferentes características dos territórios demandam estratégias diferentes de cuidado com os usuários.