Apresentação: A educação em saúde abrange uma série de ações que buscam promover o conhecimento e a responsabilidade das pessoas quanto à sua saúde e a da comunidade. Se configura como um meio fundamental para ampliar os conhecimentos da população como um todo, incentivar o autocuidado e, além disso, empoderar o sujeito a assumir um papel de protagonista principalmente na prevenção de riscos e agravos, um dos pilares da Atenção Primária à Saúde (APS). Nesse sentido, um público muito importante para colocar em prática tais ações são as pessoas idosas, visto que essas, geralmente, têm sua saúde negligenciada e são tratadas a partir do estereótipo de “pessoa enferma”. Diante disso, é possível construir uma relação entre educar em saúde e dar maior ênfase e visibilidade à prevenção de riscos e agravos à saúde, promoção de hábitos saudáveis, pois o Sistema Único de Saúde (SUS), tem como porta de entrada do sistema a APS e uma das competências do trabalho da equipe da Unidade de Saúde da Família (USF) é a educação em saúde. Dessa forma, é importante garantir que a pessoa idosa possua atenção integral à saúde no que tange à profilaxia, promoção, proteção e recuperação de sua saúde e de seu consequente bem-estar. Este estudo teve como objetivo relatar a experiência discente no desenvolvimento de ações de educação em saúde para pessoas idosas em uma USF. Desenvolvimento do trabalho: A promoção da educação em saúde no SUS tem por objetivo proporcionar conhecimentos sobre a patologia, possíveis sintomas, tratamento e controle da pressão arterial. A educação em saúde foi desenvolvida mediante uma palestra, que ocorreu na sala de espera de uma Unidade de Saúde da Família, no município de Feira de Santana-BA, no mês de abril de 2024, com duração de aproximadamente 20 minutos. Tal ação foi planejada por discentes do curso de graduação em enfermagem, sob orientação de uma docente, com a temática “Importância do Autocuidado para o controle da Hipertensão Arterial Sistêmica em pessoas idosas”, a qual foi realizada enquanto atividade do Componente Curricular Enfermagem na Saúde do Adulto e Idoso I, a partir de discussões e análise do perfil de morbimortalidade da população. Os materiais de apoio utilizados foram cartazes ilustrativos, com tópicos explicativos sobre a temática, um card com informações científicas, contendo todas as informações trazidas na explanação, com o intuito de multiplicar as informações em saúde. Resultados: A exposição oral utilizou linguagem clara, objetiva e de fácil entendimento, levando em consideração que há uma gama de pessoas que não possuem a literacia em saúde. Os participantes tiveram abertura para fazer comentários e/ou relatar suas experiências pessoais. Inicialmente foi explicado o que é a Hipertensão Arterial e o que essa patologia pode trazer de consequências mais graves na vida daqueles que possuem esse diagnóstico, caso a doença não seja controlada e monitorada. Em seguida, foram abordados os sinais e sintomas que podem surgir, o estado assintomático da doença, bem como os fatores de risco e complicações. Através de esquemas e fotografias, as discentes explicaram a fisiopatologia, de forma simplificada, para que os ouvintes pudessem compreender o mecanismo que ocorre no corpo do sujeito que possui essa doença crônica, bem como foi explanado acerca do tratamento medicamentoso. Foi possível perceber que muitas pessoas desconheciam as medicações que tomavam ou a forma correta de uso, o que interfere diretamente na sua terapêutica. Por fim, foram dadas algumas dicas/ informações sobre o autocuidado, tais como importância da atividade física, alimentação balanceada e hipossódica, aferição frequente da pressão arterial e acompanhamento dos efeitos medicamentosos. Os usuários do SUS que estavam na sala de espera mostraram-se atentos à apresentação, tiraram dúvidas e compartilharam experiências. O desenvolvimento da educação em saúde proporcionou aos discentes a percepção da importância da realização da educação em saúde, não apenas nos serviços de baixa complexidade, como a APS, mas em toda a rede de atenção e tais ações podem cooperar para melhorias na saúde pública, principalmente sob a ótica de que, através da prevenção e do autocuidado, há como impedir a sobrecarga de alguns serviços, o que pode contribuir para um fluxo livre dentro do sistema e que seja capaz de atender as demandas do corpo social de forma universal e equânime. Ademais, é uma vivência que acrescenta na vida do futuro profissional de saúde, pois o coloca a par de suas atribuições e constrói um perfil de profissionalismo e responsabilidade com a saúde pública do país. Somado a isso, os estudantes puderam se colocar como autores no planejamento da ação e autônomos quanto à transmissão de informações ao público presente. Dessa forma, a educação em saúde pode se estabelecer como uma metodologia ativa de aprendizado e formação no percurso acadêmico. Considerações finais: A experiência foi de grande valia para os estudantes e na contribuição para a ascensão do SUS a partir da formação de profissionais de saúde comprometidos com o sistema e atuantes quanto às suas competências. Ademais, também foi uma oportunidade positiva para as pessoas idosas, a fim de promover a relevância dessa população para a saúde pública e possibilitar que sejam distanciados de estigmas e preconceitos, o que vai de consoante aos princípios do SUS quanto à integralidade, universalidade e igualdade. Portanto, é crucial que ações semelhantes sejam incentivadas nas instituições acadêmicas, enfatizando a importância de educar em saúde e a necessidade de alinhamento constante e integral ao que é preconizado pelo SUS e proporcionar a criação do vínculo entre estudantes, profissionais e comunidade na construção de soluções de problemáticas e na manutenção dos avanços que gradativamente vêm sendo conquistados. Outrossim, práticas como essa devem ser cada vez mais disseminadas e incentivadas, pois trazem benefícios e informações de suma relevância à população, contribuindo para que cada sujeito tenha pleno conhecimento do que é ofertado pelo sistema de saúde pública, promovendo a quebra do estereótipo de que o SUS apenas reabilita, seja com consultas, exames e/ou medicamentos, mas que também é capaz de promover ações de saúde e prevenir agravos a partir do desenvolvimento de práticas educativas, da promoção da autonomia e do autocuidado dos seus usuários.