A escuta atenta e compassiva é uma habilidade fundamental no trabalho da equipe do consultório na rua, onde a complexidade das demandas dos usuários exige uma abordagem holística e sensível. Este é um relato de experiência do olhar docente que explora a importância da escuta dentro do processo formativo dos profissionais das equipes de consultório na rua do Espírito Santo vinculados ao Programa de Qualificação de Trabalhadores da Atenção Primária em Saúde no estado do Espirito Santo – QUALIFICA APS. Salientando a autonomia da equipe na promoção do cuidado integral e longitudinal da população em situação de rua. O objetivo desse trabalho foi abordar a relevância da escuta ativa como componente essencial no processo de formação. Utilizamos esta ferramenta para criação de reflexões e incentivar a percepção de pertencimento na criação do cuidado da população em situação de rua. A experiência foi conduzida durante o processo de formação do mês de abril onde foi abordado o movimento “Abril verde”, o qual tenta conscientizar sobre a importância da segurança e saúde no ambiente de trabalho, assim destacamos a importância do cuidado com a saúde mental dos profissionais de consultório na rua. Foi realizada uma roda de conversa incentivado os profissionais a relatarem suas emoções e pensamentos em relação ao trabalho realizado no território pela equipe, como este tem impactado na sua vida pessoal e se utilizam algumas estratégias para driblar os desafios do trabalho. Os profissionais relataram sua frustração em relação ao contrato de trabalho temporário e a fragilidade do mesmo sem nenhum benefício atrelado (bolsa), expuseram ainda a incerteza de ter tempo hábil no contrato para a realização da especialização e, se o aperfeiçoamento e/ou especialização poderá ser utilizado em outros processos seletivos. Entretanto, observamos que o maior medo é a possibilidade de não dar continuidade ao trabalho prestado a população em situação de rua. Por outro lado, alguns profissionais destacam o impacto positivo de serem ouvidos durante o processo de trabalho, como eles se sentem protagonistas do seu trabalho na hora de criar agenda, fluxos e novas estratégias de cuidado. Como isto, gera realização pessoal e os incentiva a continuar buscando novas formas para a efetivação do cuidado integral da população em situação de rua. Para finalizar, alguns relatam algumas estratégias de cuidado que a equipe possui para lidar com os desafios de atender a população em situação de rua como por limites de horário, almoço coletivo em um espaço descontraído e expressar suas inquietações com a finalidade de não guardar somente para si seus sentimentos. A experiência evidenciou a importância da escuta como uma habilidade no processo formativo das equipes do consultório na rua, sendo percebida pelos profissionais como uma estratégia de pertencimento, a qual contribui de forma significativa na prevenção de problemas de saúde mental.