Apresentação: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença caracterizada por limitação crônica ao fluxo aéreo, com acometimento sistêmico e progressivo, caracterizada por múltiplas manifestações e diversos sintomas. Achados como dispnéia, fadiga muscular, dificuldade para realizar as atividades da vida diária, intolerância ao exercício e baixa qualidade de vida, são comumente relatadas pelos indivíduos com DPOC. Assim, os programas de reabilitação pulmonar são componentes essenciais no manejo não farmacológico para diferentes situações crônicas pulmonares, tais como DPOC e suas condições subjacentes: o enfisema pulmonar, que resulta em destruição alveolar, e a bronquite crônica, caracterizada por um aumento de secreção e irritabilidade das vias aéreas; as patologias resultam na perda de elasticidade e destruição dos tecidos pulmonares. Ambas as situações compartilham o mesmo fator de risco, o tabagismo, maior causador de alterações na função pulmonar. Dentre outros fatores, às exposições a longo prazo (poluição, exposição nociva e cumulativa a substâncias tóxicas), ou, ainda, fatores individuais (genética, crescimento pulmonar insuficiente, hiperresponsividade das vias aéreas). Desenvolvimento: A espirometria, padrão ouro para diagnóstico de DPOC, avalia a mobilização de volume e fluxo na via aérea e a distribuição de volume e capacidades pulmonares, quando a relação de VEF1/CVF pós-broncodilatador <0,70 confirma a presença de limitação persistente do fluxo aéreo, dessa maneira, o diagnóstico de DPOC está confirmado. A gravidade da doença é dada pelo grau de obstrução, identificado pelo volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): leve (VEF1 ?80% do previsto), moderado (50% ? VEF1 < 80% do previsto), grave (30% ? VEF1 < 50% do previsto) ou muito grave (VEF1 < 30% do previsto). Objetivo: Descrever a experiência acadêmica relacionada à participação nas atividades desenvolvidas no Programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Método: Relato de experiência, abordagem descritiva sobre os componentes de um programa de reabilitação para pacientes com DPOC, desempenhadas em três eixos a saber: capacitação teórico-prática, elaboração do plano de tratamento e intervenção com grupo de pacientes. O projeto de reabilitação pulmonar está registrado no Comitê de Ética em Pesquisa, existente há mais de 20 anos, projetado para acolher o doente pulmonar crônico, encaminhado pelo Serviço de Pneumologia do HUSM. O programa funciona duas vezes na semana, por 12 semanas, estão envolvidos os profissionais dos núcleos de Fisioterapia, acadêmicos do nono semestre e alunos da Iniciação Científica que atuam com a supervisão direta dos Docentes na organização, discussão e elaboração do protocolo de reabilitação. Ainda, o PRP conta com os núcleos de fonoaudiologia, nutrição e serviço social. A gestão da equipe está organizada em: desenvolver ações de capacitação dos alunos, planejar as avaliações e modalidades de intervenções e colocar em prática as atividades organizadas juntamente com a equipe envolvida no programa, e, por fim, discutir e apresentar os resultados obtidos. No primeiro momento, é feita a acolhida pela equipe, visando a escuta e identificação das demandas de saúde do indivíduo, em seguida, realiza-se a avaliação da força muscular respiratória e periférica, testes de capacidade funcional, avaliação e risco de deglutição e análise antropométrica. A seguir, ocorre a revisão do prontuário eletrônico, coletando dados clínicos e espirométricos dos pacientes; as avaliações são realizadas, com supervisão e agendamento prévio; na sequência, é discutido e organizado o protocolo de atendimento, considerando as demandas específicas de cada indivíduo e, por conseguinte, é realizada a tabulação dos dados e discussões dos casos clínicos. Resultados: Previamente capacitados e treinados pela equipe, os bolsistas de iniciação científica participaram das atividades que foram realizadas em grupo, com seis indivíduos com DPOC, no mês de dezembro de 2023. Todos os pacientes ingressantes no programa de reabilitação pulmonar passaram por avaliações de força muscular periférica e respiratória e análise de parâmetros espirométricos e dados antropométricos. Tendo em vista a intolerância ao exercício e a diminuição da massa muscular, características da DPOC, foi aplicado o plano de tratamento com intervenções de reabilitação pulmonar em grupo, com seis indivíduos com diagnóstico de DPOC de grau moderado a muito grave. Desses seis pacientes ingressantes no programa, 5 realizaram reabilitação (houve uma desistência) em dezembro de 2023, no Ambulatório de Fisioterapia do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). O grupo de reabilitação, composto por três integrantes do curso de graduação do departamento de Fisioterapia da UFSM, baseou-se nos sintomas mais relatados pelos pacientes e elaborou uma proposta de atividades integrativas com objetivo de dessensibilizar os acometimentos com maior incidência, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Sendo assim, sob supervisão da coordenadora do grupo, foram aplicados treinos de equilíbrio, fortalecimento, flexibilidade, coordenação motora e força muscular periférica. A maioria dos exercícios passados foram feitos em duplas ou trios, promovendo integração entre os pacientes, com o objetivo de promover adaptação mais rápida e maior adesão ao plano de tratamento proposto. Além das atividades intergrupais, levando em consideração as necessidades específicas particulares, também foram executados exercícios individuais com cada um dos pacientes, sob constante monitorização. Para isso, antes da realização da intervenção, uma abordagem individual foi realizada, levando em consideração aspectos nutricionais, funcionais, psicológicos e de funcionalidade diária. A partir disso, realizou-se exercícios aeróbicos, de marcha estacionária, alongamentos e fortalecimento para grupos musculares específicos. Ao final de cada atendimento, eram realizadas avaliações de pico de fluxo, força muscular periférica e aferição de sinais vitais (pressão arterial sistêmica, frequência cardíaca, saturação periférica de oxigênio e verificada a percepção da dispneia e esforço pela escala de percepção de esforço de BORG modificada), com finalidade de dimensionar o impacto da reabilitação nos aspectos funcionais individuais de cada paciente. Antes do encerramento da reabilitação, os pacientes foram reavaliados pelos mesmos instrumentos e observou-se relativa melhora no quadro clínico e funcional desses indivíduos. A realização da reabilitação pulmonar desempenha um papel crucial no manejo da DPOC, propiciando benefícios que impactam na qualidade de vida e independência funcional dos pacientes. Conclusões finais: Ao decorrer deste relatório, foi possível explorar a abrangência e multidisciplinaridade da reabilitação pulmonar para redução do acometimento sistêmico associado à DPOC. Em conclusão, a reabilitação pulmonar oferece uma vasta gama de intervenções, incluindo exercícios físicos, avaliações relacionadas ao impacto na qualidade de vida, força muscular respiratória e periférica. Essas intervenções têm como objetivo melhorar a capacidade funcional do paciente, reduzir a dispneia e aumentar a tolerância ao exercício. Em suma, a reabilitação pulmonar abordada nos tópicos supramencionados, os pacientes participantes desse projeto em grupo foram encaminhados para continuidade dos atendimentos ambulatoriais no HUSM. Portanto, a inserção de bolsistas ao programa de reabilitação pulmonar oportuniza o trabalho em equipe multiprofissional, promovendo conhecimento por estratégias de ensino extra curriculares, promovendo a aprendizagem de conhecimentos, habilidades e autoconfiança do aluno.