Nos últimos anos, tem-se notado um prolongamento da vida por diversos fatores, incluindo, principalmente, o avanço tecnológico. Isso nos leva a reconhecer que, em muitos casos, a morte é um processo gradual, às vezes estendido ao longo de anos e décadas, especialmente em casos de doenças prolongadas, como o câncer. Os cuidados paliativos, primordialmente, eram conhecidos por serem o tratamento dos pacientes oncológicos terminais, os quais, atualmente, não se limitam a isso. Consistido por uma equipe multidisciplinar, o tratamento paliativo tem como objetivo promover uma qualidade de vida tanto aos pacientes quanto aos seus familiares por meio de prevenção, alívio do sofrimento e reafirmação da vida e da morte como processos naturais, abrangendo os âmbitos psicossocial, físico, mental, espiritual e familiar. Nesse sentido, o objetivo deste resumo é relatar a experiência de duas acadêmicas de medicina ao cursar a disciplina de cuidados paliativos, no terceiro semestre. No dia 17 de agosto de 2023, através da resolução Nº 719, a disciplina de cuidados paliativos se tornou obrigatória nas grades curriculares brasileiras do curso de medicina a fim de promover o fortalecimento e abrangência do Sistema Único de Saúde. O propósito, na readequação curricular, é estimular a criação de políticas públicas que visem proporcionar o completo bem-estar físico, mental e social de forma universal, equivalente e integral à população brasileira. A resolução em vigor incentiva o médico a abordar o paciente por inteiro, considerando além de seus aspectos clínicos, os sociais, espirituais e mentais também, e acima de tudo, o respeito a autonomia do paciente de aderir ou não ao tratamento proposto e escolher, por meio de diretrizes antecipadas de vontade quais medidas serão tomadas quando não forem mais aptos a tomar decisões. Evidenciou-se que a disciplina visa sensibilizar os médicos acerca da importância dos cuidados paliativos em pacientes com baixa ou nula possibilidade de cura, bem como ensinar a forma de abordagem dos familiares de um paciente paliativo e a transmissão correta de más notícias, sempre respeitando as questões éticas envolvidas, principalmente em cenários clínicos complexos e desenvolvendo uma convicta relação médico-paciente baseada na confiança e respeito mútuo. Outrossim, a implementação dos cuidados paliativos como disciplina obrigatória capacita os pacientes e famílias a tomar decisões informadas sobre sua saúde, tratamentos e efeitos adversos, tendo vista sempre sua qualidade de vida. Dado o exposto, nota-se a relevância dos cuidados paliativos dentro da educação médica, tendo em vista, primordialmente, o bem-estar dos pacientes e seus familiares, por meio da proporção de conforto e controle dos sintomas através de um tratamento multiprofissional humanizado e flexível. Ao reconhecer a morte como parte inevitável da experiência humana e priorizar o alívio do sofrimento e a promoção da qualidade de vida, os cuidados paliativos beneficiam os pacientes e suas famílias e fortalecem os valores fundamentais da profissão médica.
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