Apresentação: Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são essenciais na expansão e consolidação da Atenção Primária à Saúde (APS) por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), assim seu papel é fundamental no planejamento, implementação e oferta do cuidado em saúde. Com base na legislação que regulamenta a atuação dos ACS e Agentes de Combate às Endemias (ACE) o Ministério da Saúde (MS) publicou a Portaria nº 3.241, de 7 de dezembro de 2020, que instituiu o Programa Saúde com Agente (PSA), destinado à formação técnica desses agentes. Esse programa foi desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O estudo objetivou compreender através do ponto de vista dos ACS sua inserção no ensino à distância (EaD) e o impacto dessa formação técnica em suas atuações profissionais.
Desenvolvimento: Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada na Região Centro-Oeste do Brasil, com a participação de ACS que realizaram os cursos técnicos do PSA. Foram utilizadas técnicas como entrevistas em grupos focais e diários de observações em campo para coleta de dados. As entrevistas foram desenvolvidas em 9 municípios, sendo 2 capitais e 7 municípios do interior dos estados, e tiveram a participação de 45 ACS. Os participantes selecionados foram acompanhados em suas unidades de saúde, permitindo uma compreensão mais abrangente das realidades territoriais e condições de trabalho dos profissionais de saúde. O projeto de pesquisa está conforme os preceitos éticos da resolução CNS n 466/2012, sendo submetido e aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob parecer número 5.679.570.
Resultados: As análises revelaram os desafios e limitações enfrentados pelos ACS na adesão aos cursos técnicos, verificou-se dificuldades com o uso da tecnologia e para conciliar o curso, trabalho e vida pessoal. Porém, constatou-se que o apoio pedagógico (tutores, preceptores), familiar e entre colegas foi essencial para superar esses obstáculos. Além disso, foi percebido um impacto positivo do curso na qualificação profissional dos ACS, contribuindo para o reconhecimento de sua importância e uma melhor integração na equipe de saúde para uma prática mais efetiva e que faça sentido no contexto em que está acontecendo.
Considerações finais: A formação técnica também oportunizou a retomada do estudo para muitos trabalhadores do SUS, incluindo, em alguma medida, os agentes no universo digital ao oferecer disciplinas em uma plataforma virtual de aprendizagem com apoio e medicação de tutores. Diante desse cenário evidenciou-se a importância de programas de formação como o PSA para a capacitação e valorização dos ACS. A qualificação por meio da EaD propiciou uma maior reflexão dos ACS e de sua atuação nos territórios, ofertando conhecimentos e ferramentas para expandirem suas possibilidades de cuidado na APS.