Apresentação: A atuação de farmacêuticos (as) no cuidado em saúde no Brasil tem enfrentado dificuldade de avançar devido ao grande número de profissionais com lacunas de formação clínica. Em relação a esse contexto, as Diretrizes Curriculares Nacionais de 2017 para graduação em Farmácia normatizam que os cursos tenham 50% da carga horária dos currículos direcionados para o cuidado em saúde. Porém, também é necessário promover formação para os profissionais que já estão inseridos nos sistemas de saúde. Com isso, esta pesquisa objetiva o desenvolvimento de um arcabouço teórico-metodológico para contribuir para a formação clínica a partir da compreensão das estratégias de aprendizagem que propiciaram farmacêuticos (as) sem educação clínica formal em sua graduação alcançarem competências para o cuidado em saúde ao longo de suas carreiras. Desenvolvimento do trabalho: Estudo com enfoque qualitativo empregando a Teoria Fundamentada nos Dados, conforme a perspectiva proposta por Kathy Charmaz. Os (as) participantes consistem em farmacêuticos (as) sem educação clínica formal que exerceram/exercem prática clínica em sua atuação profissional, egressos (as) do Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. Dentre os egressos do referido centro de estudos, estão sendo identificados informantes-chave conforme o potencial de contribuição para a compreensão profunda do tema de pesquisa. A coleta de dados está sendo feita com realização de entrevistas individuais em profundidade e diário de campo e ocorrerá até atingir a saturação teórica dos dados. As análises são simultâneas e contam com auxílio do software Nvivo versão 11, para codificação inicial incidente por incidente, codificação focalizada e codificação teórica, a fim de refinar categorias emergentes e possibilitar uma teorização a partir delas. Resultados: Até o momento, foram realizadas e analisadas duas entrevistas com uma informante-chave com vinte anos de prática. Diversas unidades temáticas foram identificadas na codificação inicial incidente por incidente, destacando-se as seguintes: enfrentado os desafios da ausência de referência profissional; aprendendo por meio do compartilhamento e discussão de casos clínicos; desenvolvimento profissional através de grupo de estudos; contribuição do ambiente acadêmico para o desenvolvimento clínico; estratégias de aprendizagem com base nas especificidades dos pacientes e serviços de saúde; documentação do atendimento para nortear a prática clínica. Com o avanço e finalização da pesquisa será possível a obtenção de tendências recorrentes, proposições e explicações valiosas sobre as experiências vivenciadas que viabilizaram que farmacêuticos (as) se desenvolvessem clinicamente. Isso permitirá a criação de um modelo explicativo e/ou uma teoria que subsidie novas iniciativas para o desenvolvimento de competências clínicas por farmacêuticos. Considerações finais: Espera-se que esta pesquisa colabore significativamente no avanço dos processos de educação permanente de farmacêuticos, contribuindo no cuidado em saúde.