INTRODUÇÃO - O termo Educação em Saúde refere-se ao desenvolvimento de ações que promovam informação e aprendizagem, possibilitando a ampliação do conhecimento das pessoas e facilitando a alteração no comportamento de vida. Essa estratégia busca favorecer o desenvolvimento de habilidades e capacidades individuais e coletivas para tomada de decisões que promovam o bem-estar físico, mental e social. A Educação Sexual, por sua vez, refere-se a ensinamentos relacionados a aspectos anatômicos, alterações fisiológicas e transformações físicas ocorridas na adolescência que influenciam na vida sexual e reprodutiva do sujeito. Também relaciona-se às formas de comunicação, respeito mútuo e decisões assertivas no relacionamento interpessoal e afetivo. No contexto do público adolescente, essas ferramentas devem permitir a obtenção de competências que estimulem comportamentos de saúde e espera-se que sejam integradas a conteúdos programáticos da grade curricular escolar. Pelo fato de a escola ser o local no qual as crianças e adolescentes passam grande parte de sua rotina, é fundamental que ela seja um espaço seguro para o desenvolvimento sexual, a partir do conhecimento da anatomia do corpo humano e das questões emocionais relacionadas à sexualidade. A sexualidade do adolescente se expressa nesse ambiente por meio de brincadeiras, conversas e interações durante as aulas. Situações vivenciadas pelos adolescentes no ambiente extraclasse podem originar estilos de vida perigosos expondo-os a riscos, dentre eles, a prática sexual desprotegida acarretando em transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis e elevados índices de gravidez na adolescência. Nesse sentido, a Educação em Saúde Sexual desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e prevenção de doenças, conscientização sobre proteção contra IST’s (infecções sexualmente transmissíveis), métodos contraceptivos, consentimento e relações saudáveis. Outrossim, por meio do reconhecimento do próprio corpo, o adolescente ganha um senso de controle sobre si, sobre o que é ou não correto. É importante a explicação de como funcionam as partes do corpo para que, desde a infância, seja esclarecido o que é a privacidade de cada um e como se proteger, discernindo o que é um ato de violência e o que é uma escolha sexual. Garantir aos adolescentes informação promove autoproteção e previne vulnerabilidade. OBJETIVO - Relatar a experiência de um grupo de discentes do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria matriculados na disciplina “Fisioterapia em Saúde da Mulher” durante a organização e realização de uma ação de Educação em Saúde Sexual realizada com o público de alunos adolescentes de uma escola da região oeste do município de Santa Maria-RS. MATERIAIS E MÉTODOS - Inicialmente, foi realizado contato telefônico com as responsáveis pela coordenação e orientação educacional da escola, realizada exposição acerca dos objetivos da ação e proposição das temáticas a serem abordadas. Posteriormente, uma data foi estipulada para execução da ação para que os responsáveis da escola informassem os alunos e fizessem um levantamento acerca da quantidade de interessados em participar da atividade. Após essa etapa, verificou-se interesse por parte dos alunos de nove turmas. Dessa forma, em virtude da alta demanda, optou-se pela divisão das atividades de acordo com o ano escolar de matrícula. Sendo assim, foram realizados três momentos de explanação com duração aproximada de 1 hora cada. A abordagem foi realizada de forma expositiva dialogada, com apresentação de componentes práticos contemplando temáticas como anatomia do sistema genital, ciclo menstrual e métodos contraceptivos. Para facilitar a compreensão dos alunos, modelos anatômicos em silicone e confeccionados em feltro foram utilizados contemplando estruturas internas e externas do sistema genital feminino e masculino. Os discentes do curso de Fisioterapia se dividiram em três grupos onde cada grupo conduziu a atividade, contemplando as três temáticas citadas, englobando as particularidades de cada turma de acordo com suas faixas etárias (13, 14 e 15 anos). Apresentou-se a anatomia externa e interna do sistema reprodutor feminino apontando para as partes do modelo de vulva de feltro e o modelo de silicone. Além disso, imagens em Power-Point também foram mostradas. Para facilitar a compreensão sobre o ciclo menstrual foram feitas relações das alterações hormonais com as variações de humor e modificações corporais características de cada fase. Além disso, associada a fase de fluxo menstrual foram apresentadas alternativas de contenção de fluxo e higiene da região íntima com demonstração de absorventes descartáveis, coletor menstrual, calcinha absorvente e outros. Por fim, os alunos foram instruídos sobre os métodos de prevenção de gravidez indesejada e infecções sexualmente transmissíveis. Para tal, foi demonstrada a maneira correta de utilização de preservativo masculino e feminino, repassadas orientações acerca do uso da pílula anticoncepcional, forma de atuação do dispositivo intrauterino (DIU) e implantes hormonais. Ainda ressaltou-se a importância da busca por aconselhamento de um profissional de saúde para que questões individuais possam ser consideradas na aplicação desses métodos. Ao final da atividade, oportunizou-se aos jovens um momento de esclarecimento no qual perguntas específicas poderiam ser explicitadas. Para facilitar o engajamento, pedaços de papel foram entregues para que os mesmos pudessem escrever seus questionamentos de forma anônima. RESULTADOS - A atividade foi realizada durante o turno da manhã do dia 25 de março de 2024, sendo uma explanação voltada a três turmas de 7º ano (108 alunos), outra para três turmas de 8º ano (99 alunos) e, por fim, uma última fala para três turmas de 9º ano (78 alunos). Devido a diferença de idade entre as turmas houve necessidade de alteração na forma de abordagem e linguagem utilizada durante a ação. Ao final da explanação, os alunos entregaram os bilhetes com as perguntas de interesse, dessa forma, verificou-se a distinção entre os grupos. A maior parte dos questionamentos dos alunos de 7º ano estavam relacionados a alterações no próprio corpo. Dentre as perguntas notou-se preocupação em relação à irregularidade do fluxo e fases do ciclo menstrual, bem como, a presença de fimose e alterações do corpo no menino. De outro modo, os alunos de 8º e 9º ano, que demonstraram maior conhecimento acerca das temáticas, aprofundaram as perguntas a situações específicas do ato sexual. As dúvidas estavam relacionadas a diferença entre ato sexual (masturbação, anal, oral e vaginal), gravidez na adolescência e formas de utilização dos métodos contraceptivos. Após as apresentações, verificou-se o interesse dos alunos em sanar dúvidas específicas com seus pares. Dessa forma, os meninos reuniram-se com os alunos do sexo masculino e questionaram de maneira reservada o significado de termos usuais do contexto em que estão inseridos, dentre eles, o termo “broxar” e “punheta”. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por meio dessa ação, verifica-se a relevância da realização de estratégias de Educação em Saúde Sexual para o público de adolescentes, uma vez que há possibilidade de interação entre diferentes categorias e aprendizado mútuo entre acadêmicos do Ensino Superior e alunos do Ensino Fundamental. Além disso, é notável que os adolescentes apresentam dúvidas relacionadas às temáticas e existe uma demanda de apresentação dos conteúdos de forma clara e acessível. Ainda destaca-se a pertinência na disseminação de conteúdos que visem a abordagem da autopercepção corporal, conhecimento de métodos contraceptivos, para que se possa promover a saúde e prevenir doenças e agravos que, nesse contexto, exibem-se principalmente como IST’s, gravidez na adolescência e violência sexual.