Em defesa do maretório na Ilha de Maré, Baía de Todos os Santos em Salvador – BA. As pescadoras artesanais da Ilha de Maré chamam a atenção para uma série de denúncias sobre o impacto na saúde, ambiente e trabalho devido a proximidade entre o Complexo Industrial e do Porto de Aratu e a Ilha de |Maré. A pesca artesanal no território é uma atividade praticada pelas mulheres marisqueiras e possui características culturais, econômicas, ambientais e sociais específicas, no modo de produção, com profundo saber sobre o ecossistema marinho, suas águas, as marés, os manguezais e os pescados/mariscos. Assim, trazer reflexões sobre o percurso metodológico desenvolvido pelo ‘Projeto de Promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis em Comunidades Tradicionais Pesqueiras, na Ilha de Maré’, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz Brasília, no período de 2018-2022, a partir de demanda social apresentada por suas lideranças com o objetivo principal, de fortalecer a pesca artesanal local. Para isso, utilizou-se abordagem qualitativa, pesquisa-ação, observação participante, entrevistas semiestruturadas com as lideranças de mulheres pescadoras artesanais, registro fotográfico e análise de documentos. A relação com a natureza é caracterizada por um modo de ser e estar no mundo da vida destas mulheres, o fazer, o modo de vida, a sociabilidade está diretamente conectado com a ancestralidade por meio do manejo dos pescados, onde são desenvolvidos valores simbólicos, materiais e imateriais que asseguram o seu modo de vida, de produção e reprodução social, além de suas territorialidades. Maretório que têm sido intensamente ameaçados e, em alguns casos, destruídos, pelo modelo de desenvolvimento historicamente empregado na Baía de Todos os Santos, região onde se encontra localizada a Ilha de Maré, cujo território vem sendo ocupada por distintas atividades como: metalúrgica, petroquímica, portuária, turística, entre outras, originando inúmeras disputas e conflitos territoriais. Desta forma, contraditório com a realidade e necessidades das comunidades tradicionais locais, impactando de forma singular a sua sobrevivência. A luta e a resistência subsidiam este ambiente marinho e criam estratégia para serem visibilizadas e utilizam os diversos meios de divulgação em defesa do maretório, visto o mesmo trazer elementos singulares sobre a prática da pesca artesanal, ampliando perspectivas e entendimento das realidades e identidades pesqueira.