O processo de formação na área da saúde possui uma lacuna temática, na Atenção Primária, em relação à Saúde Integral da População Negra. É urgente abordar as pautas raciais, a desigualdade social e a falta de atitudes contra o racismo dentro e fora das Instituições de Ensino Superior brasileiras, especialmente porque a maioria da população é negra e diante da constatação de que o racismo afeta diretamente a saúde de homens e mulheres negras e negros. Dito isso, surge uma nova abordagem, repensar a saúde da população negra a partir da perspectiva da interseccionalidade, definido por Kimberlé Crenshaw como as relações lógico-causais da interação de dois ou mais eixos de subordinação, como racismo, capitalismo, patriarcado, e suas consequências estruturais e dinâmicas a uma população. Concomitantemente, compreender a resultância desse fenômeno nas práticas segregacionistas que limitam e restringem o acesso a diversas localidades e serviços; tornando a população negra extremamente dependente de espaços e políticas de saúde públicas, faz-se necessário para refletir sobre a responsabilidade dos profissionais de saúde em lidar com todas essas dimensões do cuidado da população negra, que culturalmente são ensinadas a negligenciar seu bem-estar. O projeto de extensão do Laboratório de Estudo em Atenção Primária, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), iniciado em 2020, abordando temas sobre saúde da população negra; vem enfrentando esta lacuna sobre pautas raciais na formação em saúde. Foi criado um podcast com narrativas dialógicas para a Rádio UFRJ, veiculado também nos principais agregadores de podcasts existentes, denominado “SUStentando a vida”, que com 5 minutos de duração, produz informação e reflexão sobre saúde em geral e sobre a saúde da população negra, em especial. Os episódios são escritos e gravados por estudantes da área da saúde, possibilitando ampliação de conhecimentos e postura de enfrentamento com base na interseccionalidade. Ressalta-se a importância de um movimento de repensar o formato de divulgação e o conteúdo de pautas sobre a saúde da população negra, tanto para o público, quanto para estudantes da área da saúde; que ao ampliarem seu pensamento, ampliam também, perspectivas de resistência e luta contra o racismo, assim como a promoção de cuidado e afeto; validando, assim, os princípios da integralidade e da universalidade no SUS que desejamos.