Metodologias participativas como condutoras de agregação - Relato de experiência do projeto Arte, Horta & Cia

  • Author
  • Marcelle Azevêdo Rodrigues de Souza
  • Co-authors
  • Washington Luiz Barbosa de Barros
  • Abstract
  • O projeto Arte, Horta & Cia, vinculado ao programa de Geração de Trabalho e Renda do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, localizado na Colônia Juliano Moreira, Rio de Janeiro. Tem como um dos seus eixos operativos a horta agroecológica comunitária, que baseia-se na gestão participativa dos usuários da rede de atenção psicossocial e dos moradores locais que frequentam assiduamente o espaço. O objetivo deste relato de experiência é descrever sobre o poder agregador das assembleias desenvolvidas no projeto e como as dinâmicas levadas ao grupo tem motivado o desenrolar de situações conflitantes e da efetiva tomada de decisão democrática em busca da autogestão. 

    O período inicial da pesquisa compreende os meses de janeiro a abril/24, contabilizando sete encontros quinzenais com média de 32 participantes presentes em cada. As assembleias ocorreram no próprio espaço da horta, e a convocação foi feita no grupo de WhatsApp dos frequentadores. Nos três primeiros encontros, foram sugeridos diálogos de retomada em perspectiva do ano anterior, e foi lançado um estímulo à colocação de como intencionava-se ser as ações do ano atual, trazendo à luz críticas e sugestões. De maneira tímida, iam colocando suas contribuições numa folha em forma de chuva de ideias, e meu posicionamento na figura de mediadora, era a colaboração com a crescente de falas, inserindo temas geradores para aguçar a participação. Nos quatro encontros seguintes, diante de maior confiança do grupo nas ações propostas, teve-se abertura ao diálogo, e lançando propostas de mudanças estruturais para o espaço da horta, como novas perspectivas de produtividade e direcionamento da produção de cultivos alimentícios, conflitos começaram a surgir de concordância e discordância, escutar as demandas de cada participante que se mostrou atravessado pelas pautas levadas pelo coletivo foi essencial para conciliação de forma a acolher respeitosamente e encaminhá-los a formular resoluções práticas colaborativas para as inquietações que surgiram.

    O papel do mediador mostrou-se significativo para criar meios do entendimento das raízes do debate, a disputa nesse caso pode ser pensada como uma necessidade de satisfação dos anseios, que se acumula diante das novas exigências e acabam por acarretar desconfortos e diferenças entre os sujeitos. Nesse sentido, os encontros mostram-se cada vez mais necessários na busca pela criação de um espaço que atue dando voz e impulsionando o processo de construção da emancipação dos participantes frente às ações propostas. A grande dificuldade vislumbrada foi a construção ao longo dos encontros do diálogo, tendo que revisitar-se o tempo todo para não incorrer numa hierarquização, na manipulação ou invasão aos posicionamentos postos, e sim fomentando o bom encontro, a interação e a percepção de mundo. Entendendo ser a mediação um exercício fundamental, levantando especialmente a problematização dos temas abordados e incentivando o pensamento crítico.

    O relato de experiência apresentado é parcial, a pesquisa encontra-se em andamento, mas durante esse curto período pode-se identificar brevemente o quanto o grupo quando encorajado a posicionar-se de forma democrática empodera-se, produzindo resultados de mudança em direção a resolução de questões sociais diversas vivenciadas pelos pares.

     

  • Keywords
  • metodologias participativas, atuação social, autogestão, agroecologia, gestão participativa
  • Subject Area
  • EIXO 4 – Controle Social e Participação Popular
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