Apresentação: Os diários de campo (DC) têm uma importante função na formação de profissionais da saúde e são utilizados como uma ferramenta de documentação do que é experienciado e observado na prática. Há uma intencionalidade pedagógica na proposta de uma descrição de ações desenvolvidas no estágio, de reflexão por parte de quem escreve de como a ação o impactou, o que apreendeu e no que pode ajudá-lo na sua jornada acadêmica-profissional. Ao propor a escrita sobre o vivido, distanciado da escrita acadêmica, é desejável que o sujeito registre a atividade, suas observações, suas impressões, as dimensões afetivas e reflexivas. Assim, o objetivo deste trabalho é discutir as potencialidades do diário de campo como uma estratégia de ensino-aprendizagem, a partir das análises das experiências relatadas por graduandas na utilização do diário de campo em suas vivências no serviço. Desenvolvimento do trabalho: Semanalmente, as graduandas do último ano do curso de Fonoaudiologia, realizavam o registro de suas vivências e questionamentos acerca da prática em Saúde do Trabalhador (ST), em um caderno, para posterior leitura dos responsáveis pela supervisão para tecer considerações, pontos para reflexão ou indicações de materiais para aprofundamento de determinada temática. Antes do processo ter início, as acadêmicas foram orientadas a abordar as dimensões afetiva, descritiva e reflexiva das atividades realizadas. Resultados: Observamos a partir da leitura dos DC que, inicialmente, houve certa dificuldade de se apropriar de uma escrita mais íntima, talvez pelo costume da escrita acadêmica e formal. Mas com o passar das semanas os relatos iam transparecendo maior subjetividade e ganhando maior liberdade no registro. O uso do diário permitiu documentar situações significativas, onde as graduandas puderam discorrer sobre vivências interessantes, desafios encontrados, intervenções bem-sucedidas e insights clínicos. Dessa forma é possível propiciar ao graduando a possibilidade de avaliar a própria aprendizagem ao identificar mudança de conduta, a identificação de facilitadores ao longo do processo, barreiras com determinados conceitos que oportunizam importantes análises para a reajuste no trajeto e o estabelecimento de novos caminhos, a autorregulação do aprendizado. Considerações finais: Pela observação dos DC pudemos perceber a mudança para um papel ativo no processo de aprendizagem, bem como apropriação de técnicas e conhecimentos, como do trabalho colaborativo em saúde, da comunicação inter sujeitos, apontando elementos necessários para a produção do cuidado do usuário trabalhador/a, relacionando as necessidades daqueles sujeitos com as suas condições de vida e com a contextualização da formação em saúde.