Por muito tempo, as crianças foram entendidas como pequenos adultos, fato que se expressava em diversos aspectos da vida cotidiana, como em tratamentos de saúde. Quando a criança e o adolescente começam a ser entendidos dentro de suas necessidades e demandas específicas do seu momento de vida e de desenvolvimento, novas ações de cuidado podem ser realizadas. Em âmbito global, são poucos os países que possuem políticas específicas direcionadas para o cuidado de problemas de saúde mental infatojuvenil. Este trabalho tem como objetivo oferecer reflexões sobre a importância da realização de pesquisas de economia em saúde no campo da saúde mental infantojuvenil, em específico, sobre serviços de atendimento para situações de crises de saúde mental de crianças e adolescentes. No Brasil, as ações e políticas voltadas para o cuidado desta população demoram a tomar corpo e são concretizadas a partir dos anos de 1990. Atualmente, os Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis (CAPSij) são os serviços estratégicos de cuidado no campo da saúde mental e articulador deste cuidado no SUS. No entanto, os CAPSij são os serviços que menos cresceram nos últimos anos e segue sendo a modalidade de CAPS com menor número de serviços, além de não existir em três estados da federação. Os CAPSij oferecem tanto um cuidado longitudinal, quanto cuidados em períodos de agudização do sofrimento e maior vulnerabilidade de crianças e adolescentes, sendo importante na composição da rede. Em situações de crises, assim como existe para a população adulta, é possível ofertar atendimento 24 horas em CAPSij do tipo III. No entanto, o número de CAPSij III é mínimo: em 2022, apenas cinco municípios contavam com este serviço na rede e o CAPSij III ainda não está regulamentado em âmbito federal. Principalmente nas regiões em que não existe CAPSij III, quando há situações de crise de saúde mental em crianças e adolescentes, esse cuidado é realizado em hospitais e serviços de urgência e emergência. No entanto, por comporem a Rede de Atenção Psicossocial, estes serviços também podem ser acionados mesmo quando há CAPSij III no território. Considerando que os recursos direcionados à saúde sempre são limitados e insuficientes para todas as demandas de cuidado da população, é importante que haja pesquisas que busquem apresentar os custos reais das diversas tecnologias de saúde, assim como a comparação com seus desfechos. Na área de saúde mental, os estudos de avaliação econômica ainda têm baixa produção; os que existem, em sua maioria, são referentes a psicofármacos e realizados com a população adulta. A fim de auxiliar os gestores na tomada de decisão e alocação de recursos, alinhados à Política de Saúde Mental vigente no país, é indispensável apresentar dados sobre os custos das diferentes tecnologias de saúde no cuidado à crise em saúde mental infantojuvenil, assim como analisar variáveis relacionadas ao uso dos serviços, procedimentos realizados e também desfechos destas tecnologias. Buscando, assim, qualificar os investimentos direcionados ao SUS para proporcionar o melhor tratamento e cuidado nas crises vivenciadas por crianças e adolescentes com problemas de saúde mental no SUS.