Apresentação: A partir do envelhecimento populacional, a Organização Mundial da Saúde enfatiza o conceito de envelhecimento ativo, que envolve, entre outras questões de cuidados, a sexualidade da pessoa idosa. No Brasil, os idosos representam mais de 15% do total da população brasileira, e um crescimento ainda maior é esperado para as próximas décadas. Este dado evidencia a necessidade de termos profissionais de saúde que possam abordar adequadamente as questões do envelhecimento ativo, a fim de termos uma população melhor assistida quanto às suas necessidades de saúde. O objetivo do estudo foi avaliar as atitudes dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no que tange às questões de sexualidade da pessoa idosa, de forma a subsidiar ações de educação permanente.
Desenvolvimento: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo, aninhado em uma pesquisa de maior amplitude no curso nacional do Programa Saúde com Agente. A Escala ASKAS (Aging Sexual Attitudes and Knowledge Scale), validado internacionalmente e traduzida para o português, foi utilizada para a coleta de dados com uso de plataforma online (Survey Monkey). O instrumento é dividido em dois construtos: conhecimento e atitudes. A ênfase deste resumo é sobre o componente de atitudes da escala. Neste construto, quanto mais baixo o escore, mais favorável a atitude em relação à sexualidade da pessoa idosa. Um total de 1.000 ACS responderam a pesquisa em nível nacional e constituem a amostra deste estudo. O resultado é apresentado em média e desvio-padrão, e são destacadas questões pertinentes para a discussão proposta.
Resultados: A amostra foi composta por ACS majoritariamente do sexo feminino (84%), com idades prevalentemente entre 31 e 59 anos (67%). Quanto à experiência na Atenção Primária à Saúde (APS), 17% trabalhavam por mais de 20 anos na área. A falta de conteúdos sobre sexualidade na formação (62%) contrastava com a alta porcentagem de ACS atendendo idosos diariamente (99,6%). Embora muitas relataram que não tivessem dificuldade em lidar com o tema da sexualidade (54%), a maioria não fazia perguntas sobre isso (56,0%). A média do escore das atitudes teve um valor sugestivo de uma atitude positiva (17,3±6,2). Dentre as afirmativas, destacam-se as seguintes: “É vergonhoso para uma pessoa com mais de 65 anos mostrar interesse por sexo” (84% de discordância); “Eu apoiaria cursos sobre educação sexual para funcionários de casas de repouso” (concordância de 70%).
Considerações Finais: O Guia de Cuidados para a Pessoa Idosa do Ministério da Saúde destaca a importância de abordar a sexualidade no contexto do envelhecimento saudável. Os ACS têm um papel relevante nesse cenário, podendo orientar e dialogar sobre questões de saúde sexual com os idosos. O estudo aponta para atitudes positivas em relação à sexualidade da pessoa idosa; entretanto, muitos ACS relataram dificuldades ao lidar com questões de sexualidade na prática. Esses resultados destacam a necessidade de educação permanente para os profissionais de saúde. O estudo ressalta a importância contínua de investigar e abordar lacunas de conhecimento e atitudes para promover políticas de formação mais eficazes no campo da saúde sexual dos idosos.