Apresentação: O conjunto de informações que constituem este estudo são originados do projeto de pesquisa "Saúde com Agente", uma iniciativa conjunta do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A pesquisa contou com a participação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) que cursaram os cursos técnicos desenvolvidos no âmbito do Programa "Saúde com Agente", ofertados pela UFRGS, como parte da parceria. O objetivo deste recorte da pesquisa visa analisar a interação entre os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combates às Endemias (ACE) no contexto do trabalho, identificando desafios e perspectivas para a integração das equipes na prevenção, promoção e educação da saúde, a partir de entrevistas que foram concedidas por estes profissionais participantes dos cursos. Desenvolvimento: A pesquisa é de cunho qualitativo e para tanto foram realizadas 110 entrevistas de forma presencial e online, com ACS e ACE, das cinco regiões do Brasil: Nordeste (30,8%), Sul (26%), Sudeste (19,2%), Norte (16,3%) e Centro-Oeste (7,7%). As entrevistas estão sendo transcritas, e neste momento apresentamos resultados parciais deste processo. Dentre os entrevistados, a maioria é do sexo feminino (79%), com tempo médio de atuação na Atenção Primária de 14,5 anos. Resultados: Os resultados do estudo sinalizam que há um limitador da interação entre os ACS e ACE. O contato acontece quase sempre de forma muito pontual: alguma demanda específica de uma parte para com a outra. É apontado também que a maior interação dos ACS é com as enfermeiras das Unidades de Saúde, ao mesmo tempo que também se constata a menor interatividade com os médicos devido uma maior rotatividade dos mesmos. Por outro lado, alguns entrevistados destacaram que o curso "Saúde com Agente" proporcionou uma acessibilidade e uma aproximação entre os ACS e os ACE, especialmente por meio das atividades presenciais com os preceptores do curso. Essa iniciativa tem contribuído para o desenvolvimento de laços de confiança e colaboração entre os ACS e ACE, oportunizando mais vinculação e troca de experiências entre esses atores dos serviços de saúde. Considerações Finais: Os resultados da pesquisa revelam a necessidade de fortalecer a integração entre as equipes de ACS e ACE para otimizar o trabalho em saúde e alcançar melhores resultados. Os cursos técnicos ofertados no Programa Saúde com Agente surgem como um importante instrumento para promover essa integração, mas é necessário investir em outras iniciativas que facilitem a comunicação e o trabalho colaborativo entre os profissionais, bem como estabelecer um espaço físico que seja ocupado por essas duas profissões, facilitando assim, uma maior e mais potente articulação em rede.