Introdução: As ações educativas durante o período gravídico-puerperal desempenham um papel fundamental no apoio e na promoção da saúde das pessoas que passam por essa fase. Durante a pandemia de Covid-19, essas ações se tornaram essenciais, considerando os desafios adicionais que as restrições impuseram às pessoas no puerpério. Dessa forma, o uso das estratégias de mídia virtual como uma ferramenta para fornecer informações importantes sobre cuidados de saúde, bem-estar emocional e orientações práticas foi intensificado. Profissionais de saúde desempenham um papel fundamental na criação e implementação dessas ações, garantindo que o conteúdo seja fundamentado, relevante e acessível. Além disso, é importante considerar a diversidade de experiências e necessidades das pessoas no puerpério ao desenvolver essas iniciativas, garantindo que estejam adaptadas para atender a uma variedade de contextos culturais, socioeconômicos e de saúde. Entre essas diversidades, encontra-se a necessidade de facilitar o acesso a informações para pessoas com deficiência (PcD) e homens transgêneros que passam pelo período gravídico-puerperal, já que, apesar do acesso à saúde e às informações sobre ela se constituir como um direito universal, essas pessoas podem, muitas vezes, evitar o uso dos serviços por medo de preconceitos e discriminação. Assim, é importante pensar também em estratégias de educação em saúde em mídias virtuais que abracem esse público, sendo inclusivas e sensíveis às suas particularidades. Objetivo: Reunir as evidências científicas acerca das experiências educativas relacionadas aos cuidados com a saúde, vivenciados por mulheres durante o período puerpério. Metodologia: Revisão integrativa segundo proposta de Whittemore e Knalf, abrangendo cinco etapas: formulação do problema, busca nas bases de dados, avaliação dos dados, análise e apresentação dos resultados. A pergunta foi elaborada usando a estratégia PICo (Participante, Fenômeno de Interesse e Contexto de Estudo): P - mulher puérpera; I - experiências educativas para os cuidados com a saúde nesse período; Co - Serviços de saúde e contexto social. Com base nisso, a pergunta de revisão é: Como se dá às experiências educativas para os cuidados com a saúde no período pós-parto? A coleta de dados ocorreu nas bases: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED, Web of Science, Cinahl (Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature), Scopus e no buscador Google Scholar, utilizando os termos controlados descritos em Ciências da Saúde (DeSC) e Medical Subject Headings (MeSH). A triagem dos estudos utilizou fluxograma PRISMA (Updating guidance for reporting systematic reviews: development of the PRISMA 2020 statement). Resultados: Os temas predominantes nos artigos encontrados incluem: educação em saúde sobre parto, puerpério e violências (incluindo violência doméstica e obstétrica), cuidados e autocuidado no puerpério, sexualidade e métodos contraceptivos no pós-parto, e a importância do acompanhamento por equipes de enfermagem. No que diz respeito ao conteúdo desses artigos, observou-se que durante as discussões os autores trazem como questões pertinentes aos temas supracitados a necessidade de cuidados pós-parto para mães adolescentes, com foco em ações educativas, acesso a serviços de saúde sexual, reprodutiva e planejamento familiar e apoio à amamentação. Enfatizam a necessidade, relatada por muitas mulheres, de fortalecer o apoio à amamentação por meio da educação sobre a importância da mesma, bem como a informação sobre os benefícios da contracepção no período pós parto. Discutem também sobre as influências na percepção das mulheres, no que diz respeito à disponibilidade e informação de sua rede de apoio para cuidar e amparar suas necessidades nesse período. Apontaram também para a necessidade de criação e fortalecimento de programas de educação pós-parto, para tratar de assuntos como exercícios, saúde do assoalho pélvico, sono e nutrição do bebê. Além disso, muitas mulheres apontaram a educação pós parto como algo valoroso, e consideraram indicar ou compartilhar o conteúdo com amigas. Relataram também sobre a importância de um acompanhamento contínuo, não só de sua rede de apoio ou de profissionais de saúde, como também de programas online com acesso à educação sobre conteúdo de cuidados pós-parto. Apesar disso, também se observou nos achados um grande desafio com relação a adesão a esses programas, justificados pela sobrecarga (falta de tempo), pelo esquecimento, ou ainda por acreditarem que o conteúdo não se encaixa em sua realidade ou não é compatível com a idade da criança. Conclusão: A busca por estratégias inovadoras durante a pandemia, por parte das equipes de saúde, para atender ao público puerperal, foi importante para preservar a qualidade do cuidado oferecido a esse grupo. Entre essas estratégias, destacam-se as ações educativas em mídias virtuais, elaboradas por profissionais da saúde, as quais se revelaram como uma ferramenta eficaz de educação em saúde. A pesquisa e a sistematização de dados sobre os impactos dessas ações auxiliam os profissionais de saúde a desenvolver intervenções mais específicas, confiáveis e adaptadas às necessidades das pessoas no puerpério. Isso contribui para uma abordagem mais precisa e personalizada, promovendo uma assistência mais eficaz e abrangente durante esse período delicado. Esta revisão explorou as experiências educativas relacionadas aos cuidados com a saúde no período pós parto, na perspectiva das mulheres, e ficou evidente que a educação pós-parto em meios digitais é sentida como uma necessidade básica pelas mulheres que passam por essa fase, uma vez que muitas expressaram seu desejo por uma variedade de assuntos sobre o tema e, ainda, o modo remoto permite que de alguma forma elas tenham acesso mais fácil e rápido e possam compartilhar com amigos ou até com sua rede de apoio. É sabido que existem desafios significativos na implementação dessas ações, fatores como sobrecarga de responsabilidades, esquecimento e percepção de falta de relevância foram citados como obstáculos, além disso não foram achados materiais significativos sobre o cuidado ou a percepção de ações educativas para o público o PcD ou LGBTQIAPN+, que estejam passando pelo puerpério, indicando que de alguma forma esse público acaba sendo invisibilizado. Entretanto, é possível desenvolver estratégias que levem em consideração as individualidades de cada grupo, garantindo acessibilidade, flexibilidade e adaptabilidade às suas necessidades específicas. Portanto, ações educativas em mídias virtuais são ferramentas importantes para a educação em saúde no período do puerpério, auxiliando não apenas a pessoa com seu próprio cuidado, mas instruindo também a sua rede de apoio. Por isso, é essencial continuar investindo em ações como essa, buscando atender às necessidades individuais de cada um e promover seu bem-estar físico, mental e social.