Apresentação: Conhecendo a percepção de professores do Ensino Fundamental sobre o Programa Saúde na Escola.
Objetivo: Conhecer a percepção dos professores sobre o significado do PSE, sua interação com as atividades do PSE.
Método + desenvolvimento: O estudo é de natureza descritiva, de abordagem qualitativa e foi desenvolvido a partir de entrevistas semiestruturadas.
Este estudo foi desenvolvido em uma Escola Municipal de Ensino Fundamental de um Núcleo Habitacional, localizada na cidade de Pelotas. O bairro possui uma UBS com quatro equipes de ESF com PSE. Na ocasião da coleta de dados a escola possuía 395 alunos, do 1° ao 6° ano.
O bairro possui apenas a avenida principal asfaltada, já o restante das ruas são de terra batida e possuem esgoto céu aberto. Este bairro possui minimercados, bares, padarias, igrejas evangélicas e uma sede da associação de moradores do bairro.
Os participantes do estudo foram 12 professores lotados em turmas do 1° ao 6º ano, nos períodos da manhã e tarde. Os participantes do estudo foram sugeridos pela coordenadora pedagógica da escola, e também outros foram convidados, como os professores, que circulavam pela sala de professores, todos aceitaram, não havendo recusa.
Os critérios de seleção para esta pesquisa eram professores lotados entre 1º ao 6° ano do ensino fundamental (anos iniciais e finais), atuação há mais de um ano na escola, permitir gravação da entrevista e ter participado de no mínimo uma atividade do PSE. Já os critérios de exclusão foram, aqueles professores que estavam de férias ou afastados.
Após os trâmites éticos, os professores foram avisados do dia da coleta de dados e o objetivo estudo, assim os mesmos tiveram tempo hábil para aceitar ou não a participação na pesquisa.
Já no primeiro dia foram realizadas 5 entrevistas, em ambiente reservado, na escola, durante os minutos de intervalo. Todos foram participativos, receberam bem a pesquisadora, e estavam dispostos a conceder a entrevista sem nenhum medo ou receio. No segundo dia, foi possível entrevistar o restante dos participantes.
Aos participantes foi assegurado o direito de se manterem anônimos, de desistirem da pesquisa a qualquer momento, até mesmo após o término da coleta de dados e de terem os resultados obtidos apresentados após a finalização do estudo. Os dados foram coletados com os professores que aceitaram participar da pesquisa, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foi apresentado, lido e discutido, acompanhado de cada participante. Acrescentar aqui o numero do parecer do comitê de ética.
Resultados: Dos 12 participantes entrevistados, a maioria era do sexo feminino, de cor branca, que trabalham em turno integral, em mais de duas escolas, com idades entre 33 a 60 anos de idade e com tempo médio de atuação na área da educação de 10 anos.
Ao avaliar os dados deste estudo, destaca-se a ideia que os professores têm do que seja o PSE, que a partir de suas falas se limita muito a realização de palestras pontuais, mesmo que o programa não se limite somente a uma atividade em si.
Também se percebeu em algumas falas citadas nas entrevistas, que as ações em saúde ainda estão voltadas para o cenário biomédico e fragmentado, devido ao fato de que as visitas das equipes de saúde foram consideradas poucas e esporádicas, fala de alguns professores. Além de muitas vezes as palestras estarem voltadas para avaliações clínicas e preventivas.
Ainda assim, se percebeu nas falas dificuldades apontadas sobre a relação entre os profissionais dos dois setores, que também vem sendo superada, mesmo que ainda existem problemas pontuais. Dentre estes problemas podemos destacar, uma situação macro, que seria a interferência dos fatores ambientais, relacionais, de renda, de família, enfim de qualidade de vida e promoção em saúde, atravessados por determinantes de saúde que não estão presentes na comunidade e isso foi apontado na fala dos professores.
Outros problemas estariam relacionados a situações micro, como da organização entre escola e serviço de saúde, para também priorizar o PSE como um programa das duas áreas, compartilhado e cuidado pelas áreas de educação e saúde.
Considerações Finais: Com este estudo pode-se refletir que o PSE ainda tem muito que evoluir, pois ainda se percebe ações voltadas somente a palestras, sem a participação de alunos e principalmente professores. Visto que são estes são profissionais que estão com os educandos a maior parte do tempo. Também não há uma diversidade e criatividade das ações propostas pelo PSE.
Acredita-se que o protagonismo das equipes de saúde e principalmente do enfermeiro, tem que continuar fortalecido, juntamente com os professores, pois é de extrema importância estes atores se tornarem referência de perspectiva da vida destes alunos. Realizando assim, ações multidisciplinares e interdisciplinares de fato previstos pelo PSE.
Os objetivos deste estudo foram todos alcançados, visto que pode-se conhecer o entendimento dos professores de ensino fundamental a respeito do PSE.
Neste estudo, foram analisados temas referentes a percepção dos professores, porém pretende-se ampliar este trabalho para a visão dos alunos e profissionais de saúde, visto que a autora do estudo, realizou seu estágio na UBS.
Acredita-se que este trabalho, possa trazer benefícios para a escola, a equipe de saúde, podendo melhorar mais a intersetorialidade e que os professores conheçam e entendam real significado do PSE.
Sendo assim, é fundamental uma boa articulação entre a escola e a UBS próxima ou do mesmo território, favorecendo a criação de atividades interdisciplinares e diferenciadas, favorecendo ainda mais a autonomia dos educandos sobre saúde e sua qualidade de vida.