Introdução: A COVID-19 é uma doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), identificada pela primeira vez na China, em dezembro de 2019. Rapidamente se espalhou globalmente, fazendo a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e, posteriormente, uma pandemia no mês de março de 2020. No Brasil, e em diversos países do mundo, a resposta sanitária foi mais centrada nos serviços hospitalares, com ações para a ampliação do número de leitos, especialmente, de unidades de tratamento intensivo e respiradores pulmonares. Nesse sentido, tornou-se imperativa a reorganização dos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) para, simultaneamente, enfrentar a pandemia e manter a oferta regular de suas ações. Mesmo reconhecendo as diversas fragilidades de atuação das equipes, ressalta-se que a Estratégia Saúde da Família (ESF) é o modelo mais adequado para apoiar as populações em situação de isolamento social pois, mais do que nunca, é preciso manter o contato e o vínculo das pessoas com os profissionais, responsáveis pelo cuidado à saúde. A APS desempenhou um papel fundamental no combate à COVID-19, coordenando cuidados, facilitando a transmissão de informações, vacinando e organizando a rede de saúde. Dentro desse contexto, por se tratar de uma situação inédita, a APS precisou se reorganizar frente aos desafios impostos pela pandemia e sua passagem, que possivelmente acarretará mudanças permanentes em todos os setores da saúde. Desse modo, a Educação Permanente em Saúde (EPS) no SUS surge como uma alternativa de suma importância, para que, através dela, as equipes da atenção básica se reestruturarem e , e adotassem novas estratégias direcionadas às necessidades da população diante da nova realidade instaurada. Objetivo: Analisar as ações desenvolvidas pelos municípios para inserir e capacitar os trabalhadores da APS diante do contexto da Pandemia por Covid-19 e descrever as estratégias desenvolvidas pela gestão municipal de saúde para inserir e capacitar os trabalhadores da APS no contexto da Pandemia por Covid-19, em dois municípios na Bahia. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, que utilizou um banco de dados já coletados em 2021 pelo Núcleo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva (NUPISC), vinculado à Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tendo como campo de investigação municípios com 100% de cobertura da Estratégia Saúde da Família e que estivessem entre os municípios da região com maior número de casos de COVID-19 notificados, a partir daí, foram escolhidas as cidades de Souto Soares e Iraquara. s Os participantes do estudo foram divididos em dois grupos, grupo 1 e grupo 2 composto, respectivamente, pelos gestores do SUS e trabalhadores do SUS. Durante a coleta de dados, utilizou-se entrevistas semiestruturadas com gestores e trabalhadores de saúde, preferencialmente utilizando plataformas digitais, para que se mantenha a modalidade virtual como primeira escolha. Os dados das entrevistas foram analisados por meio do método de análise de conteúdo, que tem como objetivo descrever e interpretar o conteúdo de toda a classe de documentos e textos, auxiliando na compreensão do significado das mensagens. Resultados: Algumas dessas qualificações ocorreram a partir de ações educativas, através da Educação Permanente em Saúde (EPS), com explicações dos novos protocolos que foram inseridos com a aparição do novo coronavírus, protocolos de distanciamento social, tempo de isolamento, entre outros, e orientações para que pudessem contactar os pacientes e suas famílias de forma que fosse seguro para todos, sem a exposição ao vírus nem por parte dos profissionais, nem por parte dos pacientes. De fato, as ações de EPS potencializam a reflexão sobre o processo de trabalho, a gestão compartilhada e participativa e a identificação de mudanças necessárias às práticas, transformando as realidades locais em objeto de aprendizagem individual, coletiva e institucional. Diante da necessidade de acompanhar as atualizações, a aspiração em acertar nos cuidados individuais, uma das estratégias para essa a capacitação contínua eram reuniões rápidas para alinhamento das atividades de acordo aos protocolos atualizados. Principalmente orientações quanto ao uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s), como preconiza a Norma Reguladora - 32 (NR 32), recomendando que, para cada situação de risco, deve haver a adoção de medidas preventivas e a capacitação de trabalhadores para um trabalho segundo. Além disso, a telessaúde emergiu como uma ferramenta vital durante a pandemia, visto que permitiua capacitação dos profissionais de saúde através de aplicativos e teleconferências, garantindo a continuidade dos cuidados sem a necessidade de aglomerações. Diante das restrições de mobilidade impostas no enfrentamento da COVID-19, foram impulsionadas importantes transformações nas formas de organização e prestação dos serviços nos sistemas de saúde no mundo, sendo a saúde digital a principal propulsora destas mudanças. , permitindo a continuidade do cuidado e o amplo acesso às informações. Assim, a Telessaúde passou a ser utilizada em todo território nacional, inclusive pela APS, a fim de trazer mais qualidade e segurança aos serviços prestados. Serviços como teleconsultas e teleducação foram fundamentais para tirar dúvidas e oferecer educação à distância. Essas abordagens refletem a importância da adaptação rápida e da aprendizagem contínua durante a crise da COVID-19. Os profissionais de saúde puderam aprimorar suas habilidades, adotar inovações tecnológicas e enfrentar os desafios impostos para o sistema de saúde pública. Desse modo, a telessaúde desempenhou um papel crucial para permitir que os agentes de saúde continuassem a oferecer cuidados e se capacitarem, mesmo em meio às restrições de distanciamento social. Conclusão: A pandemia da COVID-19 trouxe mudanças significativas na prestação de serviços de saúde e educação, especialmente na APS. A análise das entrevistas destacou a adoção de diversas estratégias para capacitar os agentes de saúde em meio a esse novo contexto. A Educação Permanente em Saúde (EPS) foi fundamental para capacitar os agentes de saúde, abordando novos protocolos relacionados ao coronavírus e garantindo a segurança de profissionais e pacientes. As reuniões foram renovadas para atualização e alinhamento de atividades, enquanto a telessaúde se destacou como uma ferramenta poderosa para capacitação, permitindo o aprendizado contínuo durante as restrições de mobilidade. O uso das tecnologias digitais proporcionou acesso amplo e integração de profissionais, impulsionando o processo de construção do conhecimento e promovendo debates sobre temas relevante para o enfrentamento da pandemia de forma efetiva.