APRESENTAÇÃO: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência de vivências extensionistas de estudantes vinculados ao Programa de Educação Tutorial (PET) Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/Campus de Palmeira das Missões (UFSM/PM), com a colaboração de estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem que não fazem parte do PET Enfermagem, junto a pessoas idosas residentes em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Tais ações fazem parte do Programa de Extensão “Atividades grupais como estratégias de intervenção junto à comunidade”. Ressalta-se a importância de atividades dessa natureza, uma vez que o número de pessoas idosas vem crescendo de forma exponencial e, associado a isso, muitos deles passam a residir em ILPIs. No intuito de reforçar, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa que a população idosa do Brasil, com 60 anos ou mais de idade, conforme o último Censo Demográfico realizado em 2022, é de 32.113.490 milhões de pessoas, representando 15,6% da população. Todavia, em 2010, 10,8% da população era composta por pessoas idosas. As grandes mudanças sociais e os avanços tecnológicos referentes à saúde possibilitaram que a população conseguisse ter melhores condições de vida que favoreceram o aumento demográfico da população em poucas décadas e, consequentemente, a elevação expressiva no quantitativo da população brasileira com mais de 60 anos. Desse modo, o envelhecimento da população requer a construção de políticas públicas que possam atender as demandas desse contingente populacional e, muitas vezes, as ILPIs se constituem em espaços de intervenção. A institucionalização de pessoas idosas pode ter as causas mais diversas, mas algumas se destacam, tais como: a falta de disponibilidade familiar para a realização dos cuidados permanentes, a ausência de recursos necessários para a realização de procedimentos e manutenção da saúde da pessoa idosa, a falta de conhecimento acerca das patologias que podem afetar a pessoa idosa e necessidade de adaptação das pessoas que realizarão o cuidado diário e a falta de tempo e recursos financeiros para a atenção integral a esse estrato populacional. Considerando esses aspectos, entende-se ser importante desenvolver atividades extensionistas com pessoas idosas institucionalizadas visando a sua socialização, integração entre os demais moradores da ILPI e aprimoramento da motricidade. Essas ações podem contribuir na sua melhora da qualidade de vida. Ainda, integra-se a universidade e comunidade, contribuindo na formação acadêmica de estudantes de enfermagem. Assim sendo, objetiva-se relatar a experiência de estudantes de enfermagem no desenvolvimento de atividades com pessoas idosas institucionalizadas.
DESENVOLVIMENTO: As atividades são desenvolvidas em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), localizada em um município de médio porte da região noroeste do Rio Grande do Sul/Brasil. As pessoas idosas que se encontram nesse espaço requerem cuidados significativos já que muitos deles possuem dependência parcial, com dificuldade de executar as atividades de vida diárias. Outras são independentes e há aquelas com grau de dependência total. Diversas são as razões da institucionalização, a exemplo de solicitação de familiares pela dificuldade de cuidar da pessoa idosa no espaço doméstico, por solicitação dela própria ou abandono familiar. A referida instituição conta com 54 moradores, de ambos os sexos, 28 mulheres e 24 homens. As ações são realizadas por estudantes de enfermagem petianos e estudantes voluntários. Os encontros são semanais, aos sábados de manhã. As atividades desenvolvidas são de caráter de integração, socialização, estímulo à motricidade, expressão verbal, resgate da autoestima e escuta. Também, são realizadas atividades de autocuidado, pintura e desenhos, exercícios de memória e raciocínio, conversação, comemorações festivas e outras que possam contribuir na melhora das limitações físicas, mentais e cognitivas das pessoas idosas institucionalizadas.
RESULTADOS: A inserção da universidade junto a ILPI, por meio de atividades extensionista, tem ocorrido a aproximadamente 15 anos. As ações são planejadas a depender das demandas dos moradores, entretanto há centralidade no fortalecimento e melhora da motricidade, da expressão verbal, da autoestima, da socialização e integração entre eles. Percebe-se que há uma expectativa, por parte das pessoas idosas, com a chegada dos estudantes aos sábados. Os encontros são marcados por trocas de afetos à medida que a atividade vai sendo realizada. Identifica-se que os homens demonstram ser mais ativos, conseguindo realizar as atividades com mais empenho, a exemplo de caminhar com mais facilidade, realizar atividades de vida diária sem auxílio, como alimentar-se e realizar a higiene pessoal. Há muitas conversas e momentos de catarse. As pessoas idosas que se encontram institucionalizadas relatam sobre seus companheiros, seus filhos e demais familiares próximos, gerando sempre afirmações de como o mundo de hoje é diferente daquele que eles cresceram, construíram suas vidas e famílias. Elas também relatam acerca de seus antigos trabalhos, seus amigos e das pessoas que faleceram, com maior ênfase aos seus cônjuges. Os homens preferem jogos de cartas, caminhadas e momentos de conversas. Já as mulheres são adeptas a atividades manuais como pintura em desenho e costura, pintura das unhas, caminhadas, mas também têm apreço pelas conversas. Nota-se melhora da autoestima, da motricidade e da interação entre elas na ILPI. Dessa forma, entende-se que as ações ali executadas repercutem positivamente na vida das pessoas idosas e melhoram sua qualidade de vida. Manter as pessoas idosas em bom estado cognitivo é importante para o fortalecimento da sua saúde física e mental, associado ao seu bem-estar. Reforça-se que estimular as pessoas idosas se mostra eficiente para a manutenção da saúde mental e/ou prevenção do declínio funcional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por fim, é notória a importância da atividade descrita no presente trabalho, mostrando-se ser uma via de mão dupla, pois se constitui em uma experiência enriquecedora e proveitosa aos estudantes de enfermagem e contribui para qualificar a vida das pessoas idosas institucionalizadas. Por meio desta inserção na ILPI, foi possível conhecer a realidade desse espaço, aproximar-se das pessoas idosas e conhecer seus anseios, dificuldades, sentimentos e reconhecer suas capacidades. Há a integração da teoria e a prática, fortalece a formação de futuros enfermeiros, contribui para uma visão humanista, qualifica a escuta ativa e atenta às pluralidades e singularidades, respeitando as peculiaridades e fragilidades apresentadas por cada morador da ILPI. Já para as pessoas idosas, estes momentos trocas entre elas e os estudantes, enquanto as atividades são realizadas, oferece segurança, acolhimento, atenção e valorização, para que estes se sintam parte da comunidade em que vivem, mesmo que institucionalizados, mostrando-se primordial para a promoção em saúde, fortalecimento da autonomia e da independência, com vista a um envelhecimento saudável.
Projeto apoiado pelo Programa de Educação Tutorial - PET Enfermagem UFSM-PM.