A Organogênese dos Corpos de Equipe – construções a partir de uma experiência de estágio na RAPS

  • Author
  • Pedro Lucas Domingos Pelisoli
  • Co-authors
  • Tanise Kettermann Fick
  • Abstract
  • APRESENTAÇÃO:

    O GerAção POA é um serviço extremamente singular que integra a RAPS do SUS. Compondo parte da atenção especializada em saúde mental, o serviço oferta oficinas de trabalho em seus diversos sentidos e apresentações, sob o estandarte de valores como a economia solidária, a construção de autonomia, e o cuidado em liberdade. Extremamente comprometido com a reforma psiquiátrica, a organização do serviço se dá a partir dos usuários, de suas demandas e de seus desejos. A composição do Conselho Local de Saúde oferece diretivas para o trabalho da equipe interdisciplinar, composta por psicólogas, terapeutas ocupacionais, um administrador, uma médica, residentes, e um estagiário. Em uma construção como essa, se tornam turvas as linhas de horizontalidade e verticalidade, criando desafios para o posicionamento da equipe e a construção de algo que há de ser nomeado fantasma de grupo. O objetivo desse trabalho é pensar como se dão os processos de organização da equipe em articulação com seus membros permanentes, com seus membros em situação de estágio-residência, com os usários apropriados da construção de seu próprio cuidado, e com uma demanda em constante transformação. A partir da experiência de estágio curricular de psicologia com ênfase em políticas públicas, traço um lugar como cartógrafo, que intende a mapear a dupla-captura produzida pelo encontro com o campo de estágio.

    DESENVOLVIMENTO:

    Cartografar uma experiência de estágio constitui em mapear os territórios, as sensações e as afetações produzidas pelo encontro com o campo, com o serviço, com a equipe, e sobretudo, com os usuários. O primeiro passo é delimitar-se a trajetória e seguir dando uma atenção especial a todos os acasos, a todos os erros, e a todos os desvios. A partir disso, o trabalho consiste em articular essa experiência sensível com os conceitos e escritos de autores como Rolnik, Guattari, Oury, Deleuze, Lancetti, e Baremblitt.

    RESULTADOS:

    Para um estudante-estagiário, passar a compor uma equipe de cuidado é um intenso processo de desterritorialização-territorialização: no momento de maior intesificação de sua formação, observar o funcionamento dos profissionais em exercício é uma oportunidade de recriar a profissão. Já a residência compõe uma situação-outra, dentre a profissão e a formação, com isso, produz suas próprias efervescências, as vezes incendiárias. A maior complexidade disso se dá a partir da observação do encontro do trabalho (do servidor público) em articulação com o trabalho exercido pelo usuário em situação de oficineiro-trabalhador. Por consequência disso, todos os posicionamentos, todas as falas, e todos os movimentos da equipe se tornam um potente analisador, que requer uma atenção especial.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS:

    A Organogênese é um processo do desenvolvimento embrionário, ela consiste na diferenciação das células em tecidos e, posteriormente, órgãos. Os órgãos se organizam em sistemas cuja multiplicadade dá unidade a um organismo, ou o corpo. Proponho pensar as equipes como corpos, explorando os processos de organização-desorganização-reorganização a partir dos movimentos de formação desses tecidos. A questão que levanto é como potencializar esses movimentos para manutenção da capacidade de multiplicação, desindividualização e reorganização desses corpos de equipe.
     

  • Keywords
  • Psicologia, Trabalho em Equipe Interdisciplinar, Atenção Especializada em Saúde Mental, Cartografia
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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