Redes de cuidado em saúde mental infantojuvenil no contexto da pandemia covid-19 segundo adolescentes e jovens usuários de um CAPSi do município de Santos – SP.

  • Author
  • Marcela Garrido Reghin
  • Co-authors
  • Eunice Nakamura , Cristiane Gonçalves da Silva
  • Abstract
  •  

    Ressalta-se a importância de investigar sobre as redes de cuidado no âmbito da saúde mental infantojuvenil, assim como as experiências de crianças, adolescentes e jovens em contextos de vulnerabilidades, considerando o cenário de crise decorrente da pandemia de covid-19. Este trabalho compõe parte dos resultados de uma pesquisa de doutorado que busca investigar as redes de cuidado infantojuvenis incluindo as ações institucionais e não institucionais na conjuntura de crise desde a pandemia. A partir da abordagem etnográfica, foram realizadas observações participantes e entrevistas abertas com oito adolescentes e jovens usuários de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) do município de Santos-SP. Entre o período de dezembro de 2023 e abril de 2024, a pesquisadora participou de dois grupos semanais do CAPSi que acontecem às quartas e sextas-feiras, quando foi realizada a aproximação e o convite para realizar a pesquisa junto aos usuários. As entrevistas abertas foram realizadas com os oito usuários que concordaram em participar e, até o momento, foi realizado o acompanhamento de percursos pelos territórios com quatro desses participantes, observando seus trajetos e alguns dos lugares que frequentam e que são atuantes no cuidado. O material produzido foi analisado através da análise interpretativa em referência à hermenêutica. Os oito interlocutores da pesquisa têm entre 14 e 18 anos, sendo cinco meninas, dois meninos e um adolescente transmasculino. A respeito dos aspectos étnico-raciais, quatro participantes são pessoas brancas e quatro são pretas e pardas. Considerando os aspectos gerais apreendidos até este momento, foi possível identificar, a partir das observações e escutas, alguns lugares considerados de cuidado nos territórios. Dentre os lugares institucionais estão o CAPSi, a escola, o abrigo, a família, as instituições religiosas, os programas que preparam os jovens para o mercado de trabalho e entidades voltadas ao cuidado de pessoas com deficiências. Os lugares de cuidado não institucionais foram identificados nas amizades, nas atividades de lazer, a participação em movimentos estudantis, a rua e a convivência com os animais. O celular como dispositivo de acesso à internet se caracteriza como ator material mediador das relações de cuidado. Ressalta-se a dimensão das relações afetivas enredadas nos diferentes lugares de cuidado, seja partindo das boas experiências vivenciadas pelos adolescentes e jovens, principalmente as amizades, ou ainda as que sugerem um “não cuidado”, conforme termo nativo emergente em referência à algumas casas, escolas, internet etc., ao vivenciarem situações de violências, negligências e discriminações. No período pandêmico, impedidos de circular em função do isolamento, o acesso aos múltiplos lugares de cuidado e à convivência social ficou restringido, na maioria das vezes reduzidos às casas e à internet. Isso implicou mudanças significativas na socialização e alguns adolescentes vivenciaram situações de agravamento de vulnerabilidades e vivências de violências. Espera-se após a finalização da pesquisa, o mapeamento das redes múltiplas de cuidado observadas no trabalho de campo e que se constituem e se revelam em situações de crise, como durante a pandemia. 

     

  • Keywords
  • redes de cuidado, saúde mental infantojuvenil, COVID-19, vulnerabilidades
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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