Programa Mais Médicos na Amazônia: narrativas de experiências singulares de supervisão acadêmica

  • Author
  • Marcus Vinícius Marcelini Silveira Ribeiro
  • Co-authors
  • Clarissa Lages Santos , Marina Abreu Corradi Cruz
  • Abstract
  • Apresentação Procuramos trazer neste texto alguns aspectos da experiência de trabalho com a supervisão acadêmica no Programa Mais Médicos Para o Brasil em áreas indígenas na Amazônia brasileira, durante os últimos seis anos. Tentamos também explorar a relação dessa experiência com algumas publicações científicas existentes, bem como trazer alguns temas e análises que se destacaram neste processo. Desenvolvimento As atividades de supervisão do PMM tem o intuito de oferecer suporte institucional e de promover práticas de educação permanente com o foco de atuação principalmente no cuidado médico, com os profissionais intercambistas e brasileiros. Esta atuação também se relaciona necessariamente com as equipes de saúde brasileiras, compostas por gestores de saúde indígena e usuários indígenas de etnias e perfis diversos. A função da supervisão acadêmica é regimentalmente a de prover suporte profissional e educacional aos profissionais inseridos no Programa. Com base na educação permanente em saúde, busca-se produzir estratégias para fortalecer o desenvolvimento das ações de cuidado territorial e promover integração junto às equipes de saúde, usuários, gestores e conselhos de saúde às diversas demandas de profissionais que estão se inserindo em um território desconhecido, na maioria dos casos em um novo país e em um sistema de saúde com fluxos e organização diferentes do modelo em que foram graduados. Resultados Emergindo destes territórios, da fala das equipes, dos profissionais e dos usuários, está a palavra isolamento. Seja nas caraterísticas geográficas das áreas isoladas ou no isolamento sentido na prática profissional cotidiana de médicos e equipes destas regiões. Seria então o centro da prática educativa um processo de rompimento deste isolamento? As experiências de educação permanente no Programa aqui tratadas apontam para que sim, existe uma função central em romper o isolamento, tanto de práticas muitas vezes enviesadas por crenças estabelecidas e distantes de evidências ou, para além disso, o acolhimento de profissionais, equipes e usuários por uma estratégia de supervisão que promova um apoio amplo, que se faça presente ao longo do tempo e que possa contribuir para o desenvolvimento de melhores práticas, estabelecendo redes de apoio interprofissionais e abrindo espaço para mudanças. Além do isolamento cultural, marcado pela abordagem centrada nas práticas biomédicas. Considerações finais Após acompanhar e auxiliar os atendimentos clínicos e a partir de diálogos sobre os diversos problemas de saúde que já foram documentados anteriormente, em publicações sobre saúde indígena, foi possível construir atividades de reflexão e desenvolvimento da prática clínica e intercultural. Diversos instrumentos e estratégias, como reuniões temáticas, consultas conjuntas, discussão de caso, rodas de conversa, reuniões com pajé, conselheiros e lideranças, foram utilizadas para disparar reflexões coletivas sobre as interações entre culturas, sobre os conceitos de saúde e cuidado, e também, sobre as práticas clínicas, os procedimentos e as ações pedagógicas comunitárias, com o objetivo de promover a compreensão cultural profunda, a parceria comunitária, a abordagem multidisciplinar e multicultural, com comunicação sensível e acessível. 

  • Keywords
  • Programa Mais Médicos; Educação Permanente; Amazonia
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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