A partir do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), lançado em 2007, houve uma ampliação do acesso ao Ensino Superior no Brasil, possibilitando a entrada nas universidades de pessoas até então delas excluídas. Somado a isso, no ano de 2007, é criado o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) com o objetivo de democratizar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal e minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e conclusão da educação superior. Visando atingir esses objetivos, o PNAES estabelece dez áreas de atuação da assistência estudantil, dentre elas a saúde, que se configura não como um objetivo final, mas como um meio de se atingi-lo. A partir desse Programa, a saúde do estudante das universidades e instituições de ensino federais se torna um eixo de política pública e passa a ser uma área de atuação da assistência estudantil. Diante disso, parte-se da experiência na Divisão de Saúde do Estudante, vinculada à assistência estudantil de uma universidade pública do Rio de Janeiro, para realizar uma pesquisa sobre saúde mental de um grupo que busca esse serviço em maior volume: os estudantes de primeira geração, isto é, aqueles cujos pais ou responsáveis não acessaram o Ensino Superior. Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo investigar os percursos de busca de cuidado em saúde mental, realizados por estudantes de primeira geração, buscando compreender como cuidam de sua saúde. Para tanto, este estudo parte de uma metodologia qualitativa, através de entrevistas abertas, baseadas na metodologia da História Oral de Vida, com os estudantes de graduação. As entrevistas estão sendo audiogravadas e a apreciação das falas dos estudantes está sendo feita a partir da análise de conteúdo. Parte-se do pressuposto de que esses estudantes apresentam dificuldades socioeconômicas e, por vezes, educacionais, em função da falta ou pouco acesso a condições adequadas de saúde, trabalho, moradia e renda, que deveriam ser preconizadas pelo Estado, o que pode estar desencadeando uma sensação de não pertencimento ao meio acadêmico, bem como para a falta de suporte aos estudos. Essas condições podem afetar a relação desses estudantes com o meio acadêmico e, consequentemente, sua saúde mental. Espera-se com este estudo contribuir para reflexão acerca da saúde mental de estudantes universitários de primeira geração, além de pensar estratégias para a melhoria da oferta de cuidado a essa população, como também pensar ações para uma melhor articulação e co-responsabilização entre a assistência estudantil e os serviços de saúde do território.