Apresentação: O Sistema Único de Saúde (SUS) regulamentado pela lei 8.080/1990 e pela lei 8.142/1990 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, consolidou a partir dessa lei, um espaço público de controle social importante, por intermédio da participação dos usuários em conferências e nos conselhos de saúde. Sendo considerado como um avanço social importante para o país, o SUS, deve ser utilizado pela população de forma gratuita e indiscriminada, através do acesso aos serviços de saúde visando a promoção, prevenção, tratamento e recuperação. No entanto, para que a população tenha acesso aos serviços e ações em saúde, é necessário que haja um nível de instrução dos mesmos, relacionado a literacia em saúde, que é um conjunto amplo, diversificado de habilidades e competências que devem ser utilizadas para buscar, compreender, avaliar e ressignificar informações sobre saúde. Diante disso, pode-se utilizar a Educação em Saúde como uma das estratégias para fomentar o alcance dos usuários a esse conjunto amplo que define a literacia em saúde. A Educação em Saúde constitui-se num instrumento de construção dialógica do conhecimento, bem como de estímulo à autonomia, participação popular e protagonismo dos sujeitos no seu próprio cuidado. Assim, este trabalho objetiva relatar a experiência de uma acadêmica de enfermagem da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), em organizar e realizar a palestra juntamente com a professora orientadora sobre o tema Educação em Saúde em um curso de extensão realizado na universidade.
Desenvolvimento do trabalho: O presente trabalho se trata de um relato de experiência, baseado na vivência acadêmica durante o Curso de Extensão “Conhecendo o Sistema Único de Saúde”, promovido pelo Programa de Extensão DIVULGASUS: Divulgação do Sistema Único de Saúde na Promoção da Saúde enquanto Direito de Cidadania, da Universidade Estadual de Feira de Santana, direcionado à comunidade acadêmica, realizado em março de 2024. No período de preparação para o curso, foi realizado um estudo prévio e embasamento teórico para cada palestra. O curso foi dividido em seis encontros, cada encontro com um tema de extrema relevância para a divulgação do SUS. Sendo que um desses encontros se tornou objeto de discussão neste presente trabalho, o tema “Educação em Saúde”. O público alvo era toda comunidade acadêmica da instituição, no entanto, o alcance foi de discentes dos cursos relacionados à saúde, como, enfermagem, psicologia, farmácia e odontologia. Essa palestra foi preparada e ministrada por uma discente do curso de enfermagem e por uma professora orientadora, sendo que, num primeiro momento, foi feito planejamento da aula a ser realizada, com a elaboração do material didático a ser utilizado.
Resultados: A apresentação foi iniciada com os conceitos básicos para fundamentar a discussão sobre o tema como, conceito de educação e saúde que são direitos humanos fundamentais que devem ser garantidos pelos governos - nacional, regional e local - por meio de investimentos políticos, econômicos, culturais e sociais. São estratégias que visam a diminuição das desigualdades e injustiças que são impeditivas para alcance do direito de bem estar e da melhoria da qualidade de vida. O conceito de promoção da saúde também foi abordado na apresentação, na perspectiva de que deve ser considerado como um conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional, governamental ou cidadania, com intuito de propiciar melhoria das condições de bem-estar e acesso a bens e serviços sociais. Assim, a educação em saúde deve favorecer o desenvolvimento do conhecimento, de atitudes e comportamentos que sejam favoráveis ao cuidado da saúde individual e ao desenvolvimento de estratégias que permitam à população um maior controle sobre sua saúde e suas condições de vida, a níveis individual e coletivo. E o conceito de educação em saúde propriamente dito, para fundamentar a tese de que a educação em saúde é uma das ferramentas utilizadas para promoção da saúde. Diante disso, discutir sobre literacia em saúde foi necessário, pois, o baixo nível de literacia em saúde pode interferir negativamente em algumas questões como: uso indevido de medicação prescrita; uso inapropriado ou inexistente dos serviços de saúde; limitações para autocuidado de doenças crônicas; respostas inadequadas à emergências; maior índice de hospitalização e consequente sobrecarga no nível terciário de atenção à saúde e; menor participação em ações de promoção da saúde. Para finalizar, uma oficina sobre as metodologias inovadoras de ensino aplicada à educação em saúde, foi realizada. Metodologias que consistem nos projetos educativos em que a situação problema deve ser relatada pela comunidade ou identificada pelo grupo que irá realizar a atividade, sistematizando as informações e apresentando possíveis alternativas de resolução ou minimização do problema. Outra metodologia exposta foi os grupos operativos, nos quais os indivíduos devem estar ligados entre si, articulados por uma mútua representação interna, a fim de praticar trocas de experiências por meio da comunicação e aprendizagem, como acontece com os grupos de gestantes e idosos na Atenção Básica, por exemplo. A criatividade, como os jogos de tabuleiro para fazer educação em saúde bucal para crianças. Atrelado a esse método, as oficinas lúdico-pedagógicas também englobam esse conjunto de estratégias para educar em saúde. Como produto final desta palestra, os ouvintes foram convidados a se dividirem em grupos e elaborar um planejamento de ações de educação em saúde, através das situações problemas criadas pelas palestrantes, que foram direcionadas à assistência multiprofissional, a fim de consolidar os conhecimentos adquiridos durante todo o curso.
Conclusão: Por fim, entende-se como a criação de espaços de discussões sobre educação em saúde se torna um dos pilares para a promoção da saúde, haja vista que participar da elaboração do curso e trocar experiências com os ouvintes contribuiu num notável nível de conscientização da valorização das ações usadas para educar em saúde e que todas elas devem constituir um processo dinâmico e não pode se considerar um fim, pois é um recurso desencadeador do processo de reflexão individual e grupal. Essas ações devem ser voluntárias, partindo da concepção de que todas as decisões devem ser tomadas de maneira autônoma. Levando em consideração que as informações e os conhecimentos compartilhados aos indivíduos vão ser avaliados e interpretados de maneiras diferentes entre eles, por conta de fatores inter-relacionados como, as experiências individuais e as crenças culturais, o acesso às informações médicas, a inserção social desse indivíduo ou grupo na sociedade e das habilidades de leitura e escrita, como também o conhecimento sobre o desenvolvimento do saber científico. Destaca-se a importância de dar continuidade a essa estratégia de fortalecimento do SUS.