APRESENTAÇÃO: Define-se competência cultural como a habilidade de um indivíduo entender e respeitar os distintos formadores (valores, crenças e atitudes) das diferentes culturas com que entra em contato, sendo ela o terceiro atributo derivado da atenção primária em saúde, logo o sétimo atributo. Por se tratar de um dos atributos da atenção primária, essa deve ser levada em consideração durante as atividades desenvolvidas na saúde brasileira, tanto nas formativas quanto em campo, uma vez que é essencial para que se realize um trabalho de qualidade. Essa importância se traduz, também, na necessidade de se conectar os usuários aos agentes do serviço, de forma a melhor lidar com um cenário onde os usuários, muitas vezes, ainda pouco acreditam na resolutividade do sistema público de saúde. Assim, o presente estudo tem como objetivo principal refletir acerca da relevância da competência cultural na formação médica. Especificamente, busca-se demonstrar a importância da competência cultural enquanto produtora da longitudinalidade do cuidado a partir do fortalecimento do vínculo médico-usuário. MÉTODO: O presente trabalho foi realizado a partir de uma análise reflexiva dos conteúdos presentes e trabalhados no componente de Medicina de Família e Comunidade durante graduação em medicina em uma faculdade no Sul da Bahia no primeiro semestre do ano de 2024. RESULTADOS: Findada a reflexão foi possível perceber que a competência cultural é um atributo essencial para a formação de profissionais médicos verdadeiramente comprometidos com os sujeitos e com a vida. Outro resultado relevante foi o entendimento de que os conhecimentos técnicos construídos durante os anos de graduação, por si só, não são suficientes, pois as dimensões subjetivas, culturais, étnico-raciais, de gênero e outras, exigem ainda competência cultural. Destaca-se ainda a compreensão da relevância da competência cultural para a intensificação do relacionamento e vínculo estabelecido entre profissionais médicos e os usuários do sistema e, por conseguinte para a resolutividade dos planos de cuidado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A competência cultural, ao permitir a troca de saberes, além de fortalecer o diálogo, é fundamental para a consolidação de pilares como confiança - vínculo, respeito e comunicação assertiva e longitudinalidade do cuidado. Enfim, a competência cultural pode (e deve) ser sempre trabalhada em componentes como a Medicina da Família e Comunidade, mas também em componentes como Saúde Coletiva, Propedêutica, Semiologia, Ética Médica, entre outros. E, por que não, pode ser um componente optativo e/ou projeto de extensão específico para as formações médicas. Ademais, para os profissionais já em serviço, a competência cultural deve ser estimulada a partir de cursos e atualizações. Enfim as iatrogenias culturais também constituem graves problemas de saúde pública e negligenciá-las é sustentar um modelo pouco resolutivo de promover saúde.