Apresentação: a pandemia da Covid-19 proporcionou novas configurações no mercado de trabalho, em especial na saúde com novas formas de fazer, pensar e agir. O modo acelerado que novas técnicas e processos forma implementados, requer também reestruturação conhecimento que perpassa os métodos de ensino. Nesse ínterim, a educação problematizadora busca a construção de conhecimento a partir de vivências e experiências significativas, com base em processos de aprendizagem por descobertas, consolidando-se com a busca de informações para desvelar determinada problemática, a qual tem o próprio estudante como protagonista de seu aprendizado. A reflexão crítica para a construção de expertise clínica relaciona-se intimamente com o processo de ensino-aprendizagem, um movimento dialético de ação-reflexão-ação, uma perspectiva transformadora. A fim de investir na formação de profissionais que transcendem as práticas convencionais, estimular a proatividade embasada em conhecimento científico e estimular o pensamento crítico do enfermeiro é que o projeto de ensino Discussão de Casos Clínicos se consolida. O referido projeto que está na sua quinta edição, é vinculado ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina e nesse ano de 2024, apresenta como tema central as Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT). Por ser o tema central bastante amplo e contemplar uma gama de doenças e agravos, a proposta inicial apresentada pela coordenação do projeto foi o aprofundamento acerca do acidente vascular encefálico (AVE), também conhecido como acidente vascular cerebral (AVC), devido ao quantitativo de pessoas que apresentam sequelas por esta patologia, elevando e muito, os custos em saúde, além de todos os desdobramentos e impacto sociais negativos. Ao considerar que a enfermagem atua ativamente nos processos relacionados ao AVE, com ênfase na prevenção, detecção precoce, assistência e tratamento, bem como na reabilitação do paciente, torna-se fundamental a discussão desta temática nos cursos da área da saúde, visando abordar a epidemiologia, fatores determinantes, diagnóstico, linha de cuidado, entre outros. Sendo assim, o presente resumo objetiva apresentar uma síntese da construção de conhecimento produzida por um subgrupo do Projeto de Ensino Discussão de Casos Clínicos. Desenvolvimento: trata-se de um relato de experiência vivenciado no projeto de ensino do Curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), com vigência de 01 de março de 2024 a 29 de fevereiro de 2025. Mensalmente os membros do projeto de ensino se reúnem na universidade para discutir sobre determinada temática, previamente organizada conforme cronograma construído coletivamente a partir de proposições docentes. Os encontros são abertos à comunidade acadêmica e à comunidade externa, geralmente com duração entre uma e duas horas. A equipe é composta por docentes e estudantes de graduação e pós-graduação. Contudo, vale ressaltar que a participação de estudantes das diferentes fases do curso e mestrandos é muito enriquecedora nas discussões, pois prepara os estudantes que ainda não foram para campo prático para as possibilidades que podem encontrar. De acordo com o cronograma para o primeiro semestre de 2024, três encontros foram programados com discussão de mais de uma abordagem em cada um. A fim de contribuir para com o conhecimento acadêmico acerca do papel da enfermagem no AVE, o segundo encontro abordou duas temáticas, sendo elas: Patologia, epidemiologia e fatores de riscos; e, Sinais, sintomas e diagnóstico. Neste relato será apresentado uma síntese da construção de conhecimento sobre o AVE, contemplando a doença, sua epidemiologia e fatores de riscos. Resultados: o AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, levando a falta de oxigenação nos tecidos subjacentes, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea, e consequentemente ocorre a morte das células nervosas da região cerebral acometida. Mundialmente o dia de combate ao AVC é 29 de outubro, data em que geralmente são desenvolvidas ações pontuais com foco preventivo. Contudo, a prevenção deve ocorrer de forma contínua pelo próprio indivíduo. O AVC pode ser hemorrágico ou isquêmico. No primeiro ocorre o rompimento de um vaso no cérebro culminando em hemorragia local. Tal situação pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. No AVC isquêmico a lesão decorre da obstrução de uma artéria que impede a passagem de oxigênio para as células cerebrais, levando a morte celular do tecido atingido, geralmente causado por um trombo ou êmbolo. Ao considerar o AVC hemorrágico, as principais causas são a pressão alta não controlada, ruptura de aneurisma, distúrbios de coagulação (hemofilia), ferimentos e exposição à radiação para tratamento de neoplasias em cabeça ou pescoço. Já o AVC isquêmico é subdividido em quatro subgrupos, sendo o aterotrombótico, decorrente de aterosclerose e, cardioembólico, quando o embolo causador de derrame parte do coração, os mais comuns. Acerca da etiologia, 15% de todos os AVC são hemorrárgicos e 85% isquêmicos, mais frequentes em homens, sendo uma das principais causas de morte, incapacitações e internações no mundo. Faz-se necessário atentar para sinais e sintomas para atendimento imediato. Afinal, quanto mais rápido diagnóstico e tratamento, maiores as chances de recuperação. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) apontam 99.10 mortes por AVC no Brasil, alcançando o 1º lugar de causas de óbito em 2022. Ao buscar dados sobre epidemiologia, chama atenção a informação da Sociedade Brasileira de AVC de que a taxa de mortalidade em países pobres é 3,6 vezes maior do que nos países ricos. Entre os fatores de risco relacionados aos anos de vida perdidos (anos vividos com incapacidade), estão a hipertensão, o índice de massa corpórea (IMC) elevado, glicemia elevada, poluição do ar e tabagismo. Ainda, o uso em excesso de álcool, idade avançada, sedentarismo, uso de drogas ilícitas, histórico familiar e sexo masculino. Após a apresentação do conteúdo pelos discentes, realizou-se uma roda de conversa para a realização de comentários acerca das apresentações e discussão do papel do enfermeiro nos contextos abordados, em especial, no contexto da atenção primária à saúde, pelos serviços de suporte ao paciente/família durante o período de recuperação e necessidade em função das sequelas geradas pelo AVC. Considerações finais: as atividades realizadas pelo projeto de ensino Discussão de Casos Clínicos enfatiza o papel da enfermagem frente as doenças e agravos não transmissíveis, e tem sido de grande valia para os estudantes pela contribuição no aprendizado significativo para além da matriz curricular do curso de enfermagem. Não obstante, fortalece vínculos entre estudantes e destes com os docentes, favorece a pesquisa e extensão, além de tornar o cotidiano mais leve no universo acadêmico.