Apresentação:
A adolescência é um período crucial que requer atenção especial para a saúde, especialmente devido ao desenvolvimento da sexualidade durante o período da puberdade. Os adolescentes podem ser motivados pela libido e curiosidade, buscando autoconhecimento e prazer, o que pode expô-los a situações de risco.
A Educação Sexual é um processo que visa ensinar sobre sexualidade, abordando temas como sexo, gravidez, métodos contraceptivos e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Seu objetivo principal é preparar os adolescentes para uma vida sexual segura e consciente, prevenindo situações indesejadas como infecções, gravidez na adolescência e experiências traumáticas. Além disso, a educação sexual possui a capacidade de promover a autonomia dos jovens, incentivando-os a cuidar de seu corpo, suas escolhas e escolhas de seus parceiro na qual possuem intimidade.
As relações sexuais vem se tornando uma prática entre adolescentes cada vez mais precocemente, e menos da metade dos adolescentes praticam sexo protegido, apesar do conhecimento sobre métodos de prevenção. Dessa forma, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), as taxas de gravides na adolescência e ISTs no território brasileiro são altas em comparação com países desenvolvidos, já que a educação sexual e reprodutiva é subutilizada na prevenção de gravidez precoce e ISTs.
Dessa forma, os jovens precisam de informações claras, apoio e compreensão sobre sexualidade. A educação sexual é crucial durante a adolescência para que os adolescentes adquiram segurança, percebam o início da vida sexual e recebam informações corretas e apoio da família, professores e profissionais da área de saúde para evitar possíveis malefícios no futuro.
Desenvolvimento:
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por acadêmicos do 1º período em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará, durante as Atividades Integradas em Saúde (AIS) em uma escola pública localizada na periferia de Belém/PA, no período de abril de 2022 a outubro de 2022. O Arco de Maguerez foi usado para a realização das AIS. Tal método pode ser resumido em 5 fases, sendo (1) observação da realidade, (2) criação de tópicos e pontos-chave, (3) teorização do problema, (4) criação de hipóteses de intervenção e (5) ação interventiva.
Inicialmente, houve a primeira visita na escola, onde foi possível a interação com os alunos, colaborando para o levantamento de informações, para análise das principais problemáticas, e para observação da realidade. Após a visitação, os acadêmicos se reuniram para analisar as informações coletadas e estabelecer qual tema seria escolhido, sendo esse um momento de reflexão e determinação dos pontos-chaves.
Após escolha da temática, iniciou-se a etapa de teorização onde foi utilizado meios midiáticos, artigos acadêmicos dispostos no SciELO (Biblioteca Eletrônica) e Google Acadêmico (plataforma de pesquisa), do site do Ministério da Saúde, e dos livros disponibilizados na biblioteca da universidade para reunir conhecimento e informações para a intervenção realizada na instituição. A quarta etapa do Arco de Maguerez foi caracterizada pelo planejamento e confecção de um Plano de Ação que foi entregue aos professores contendo cada passo e cada estratégia planejada para o dia da intervenção na instituição de ensino.
E na última etapa, a aplicação prática à realidade se constituiu em uma roda de conversa com o corpo discente, discutindo sobre os efeitos e formas de prevenção da gravidez precoce, e as formas de transmissão, riscos e tratamentos de infecções sexualmente transmissíveis. Além disso, foi utilizado uma cartilha, confeccionada pelo próprio grupo com informações, dados e imagens acerca do tema abordado para que a informação e o conhecimento adquirido se tornassem mais concreto para o público alvo, e também, para que eles pudessem consultar o material posteriormente em caso de dúvidas.
Resultados:
A proposta dos alunos implicou em uma dinâmica de conversa com os adolescentes, utilizando palavras de fácil entendimento para que o conteúdo ministrado fosse absorvido com clareza. A exposição e diálogo geraram efeitos positivos, uma vez que parte do público, em especial o feminino, demonstrou grande interesse no assunto tratado e no momento de perguntas posterior, conseguindo tirar dúvidas com os acadêmicos.
Com o público masculino, apesar de interações positivas, houveram também comentários inapropriados durante a explanação sobre as ISTs e o manejo correto dos preservativos.
O debate sobre as infecções sexualmente transmissíveis, por sua vez, conseguiu agregar a atenção da turma trabalhada. A cartilha utilizada, confeccionada anteriormente pelos acadêmicos, possibilitou que os adolescentes vissem os resultados fisiopatológicos ocasionados pelas doenças. Essa tecnologia, juntamente com a abordagem acessível promovida pelos acadêmicos de enfermagem, possibilitou que os jovens compreendessem a gravidade desse assunto e as consequências provocadas pelas ISTs.
Quanto ao tópico da gravidez na adolescência, foi observada a maior participação do público feminino. As alunas se mantiveram concentradas enquanto os palestrantes evidenciaram riscos tanto econômicos quanto sociais nesse caso, absorvendo o conteúdo e tirando suas dúvidas durante a palestra e depois, no momento dos diálogos e discussão.
Considerações finais:
O presente trabalho obteve êxito pois os pesquisadores conseguiram disseminar informações e alterar percepções, principalmente do público feminino, sobre a prevenção de IST’s e gravidez precoce na adolescência no ambiente escolar. Já com o público masculino, apesar de também apresentar interações positivas, comentários inapropriados foram realizados pelo durante a explanação sobre as IST's durante a explanação do uso da camisinha.
Houve, também, a promoção da disseminação de conhecimento e da democratização do acesso ao conhecimento científico sobre temas pouco comentados socialmente. Isso reforça a necessidade de não restringir a atuação da enfermagem em ambientes hospitalares, é necessária a participação da enfermagem em outras instituições, como família e escolas.
É evidente, portanto, que é necessário encontrar meios de estimular o contato de agentes de saúde com a comunidade para a promoção de estratégias de apoio à população, necessárias para a construção de um senso crítico na sociedade quanto aos assuntos ligados à saúde.
Sendo assim, é importante reforçar a relevância da educação sexual no período da adolescência. O acesso a informações e conhecimentos acerca de doenças, riscos e prevenção são essenciais para que haja a redução da incidência de IST’s e evitar a gravidez na adolescência. Mais atividades e interações sobre o tema com o atual público são necessárias para garantir o acesso à informação e o reforço dessas informações.