Saúde Mental como Direito Sanitário: relato de experiência de uma bolsista de extensão como expositora em curso de extensão

  • Author
  • Elãine Brito de Oliveira
  • Co-authors
  • Mariana Oliveira Araújo , Nayara Mendes Cruz , Karen de Moura Rolim Santos , Lívia Alves Pereira , Brenna Araújo Felix , Alexia Fraga Oliveira , Nádia Alves Antão de Alencar
  • Abstract
  • Introdução A saúde mental no Brasil passou por períodos complexos e discriminatórios desde as primeiras formas de “cuidar” do usuário com transtorno mental até o olhar da sociedade para esses sujeitos. Nesse sentido, surge o Hospital Psiquiátrico de Barbacena localizado em Minas Gerais, inaugurado como “Hospital Colônia" em 1911, com capacidade de 200 pessoas, que tinha o intuito de “curar” pessoas com transtornos mentais, contudo o que ocorreu foi um "depósito" de todas as pessoas que eram marginalizadas na sociedade incluindo os “loucos” em um ambiente totalmente excluído da comunidade. Com isso, podemos notar que a segregação do louco não é recente e em busca de remover essas pessoas da sociedade, criam-se os manicômios. Anos depois, surgem leis que modificam a estrutura da saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS), porém ainda é possível notar os preconceitos e estigmas com esse público, uma vez que a sociedade isola pessoas com transtornos mentais nas escolas, universidades, consultórios, áreas de lazer e atividades da comunidade, por medo de sofrerem algum tipo de violência.  Objetivo: Apresentar a experiência de uma bolsista de extensão como expositora da temática “Saúde Mental como Direito Sanitário” no curso de extensão “Conhecendo o Sistema Único de Saúde”. Descrição da experiência: O curso de extensão, promovido pelo Programa de Extensão DIVULGASUS: Divulgação do Sistema Único de Saúde na Promoção da Saúde enquanto Direito de Cidadania, vinculado ao Núcleo de Pesquisa Integrada em Saúde Coletiva (NUPISC) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), foi realizado em cinco encontros presenciais, no período de 05/03/2024 a 15/03/2024, totalizando uma carga horária de 16 horas. O evento ofertou 50 vagas para profissionais de saúde, docentes e estudantes, assim houve participação de diferentes áreas do conhecimento, como Odontologia, Enfermagem, Medicina, Farmácia e Psicologia. A cada encontro do curso havia uma discussão temática central, mediada por uma bolsista de extensão do Programa DIVULGASUS e a respectiva orientadora, os temas discutidos foram: O conteúdo do direito à saúde; Fragmentos de discursos construídos a várias vozes: notas da democracia; Participação social e conselhos de saúde; Financiamento da saúde: ferramenta de concretização do direito à saúde; Saúde mental no contexto do direito sanitário; O Sistema Único de Saúde: uma perspectiva e principais desafios; e por fim Educação em saúde, os quais tiveram como principal referência o livro “ O direito achado na rua: introdução crítica ao direito à saúde” de Alexandre Costa.  O quinto encontro, no qual se direciona este relato de experiência, teve como temática, Saúde no Direito Sanitário,  abordada por meio de apresentação expositiva dialogada com slides, vídeo e dinâmica. O tema foi dialogado a partir do marco histórico do SUS no Brasil, movimentos sociais e o processo histórico da implementação de serviços para a Rede de Saúde Mental, como Hospitais Psiquiátricos e a Rede de Atendimento Psicossocial. Resultado e discussão: A organização e o debate ocorreram de forma livre, permeando a discussão sobre o  sofrimento do ser humano que possui prejuízos na saúde psíquica, a rede de apoio desse usuário, os serviços do SUS oferecidos para esses casos e a atuação dos profissionais nessas situações. Foi  discutida, ainda, a importância de outras instituições públicas abordarem a temática como parte do serviço, a exemplo das redes de ensino público como escolas e universidades, que, muitas vezes, apresentam limitações em acolher e reconhecer o sofrimento psíquico das pessoas que frequentam esses espaços. Os cursistas tiveram ampla participação, dialogando sobre o tema e compartilhando as suas experiências na prestação de serviço com o público que possui transtornos mentais. Durante o debate, foram sinalizados sentimentos de insegurança, medo de sofrer alguma violência, desconhecimento sobre a temática e relatos de não se sentir capacitado para atender a demanda. A saúde física e mental é um direito sanitário de cada cidadão brasileiro, porém nem todos conhecem de fato esse direito. Além disso, a história dos serviços de saúde mental nem sempre é apresentada em todos os cursos da área da saúde, sendo, não raras as vezes, algo acessível apenas aos estudantes de psicologia. No encontro, observou-se os níveis de conhecimentos dos participantes sobre o tema, por meio de uma dinâmica com uso de aplicativo de interação, o qual mostrou que mais da metade deles já tinham ouvido falar sobre reforma psiquiátrica apenas de forma superficial, porém todos acreditavam que esse era um tema que a população no geral deveria ter conhecimento. A partir do debate, foi possível refletir sobre as possíveis causas que geram maior adoecimento psíquico para os usuários e sua família, pensando desde a recepção dessas pessoas no serviço público, a forma de tratar, olhar, atender, medicar e informar a pessoa da sua condição. Dessa forma, através de um olhar ampliado e multidisciplinar, estenderam-se o conhecimento e a perspectiva para continuar buscando uma sociedade cada vez mais livre de preconceitos e estigmas com usuários da saúde mental. Sendo estudante de Psicologia, ouvindo histórias, conhecendo experiências das adversidades enfrentadas pelas pessoas diagnosticadas com transtornos mentais é de imenso valor pessoal e profissional, compartilhar informações que ampliem o olhar dos profissionais de saúde para um atendimento, paciente, digno, respeitoso com esses usuários.  Considerações finais: Enquanto estudante de Psicologia e bolsista de extensão de um Projeto de extensão sobre o SUS, entendo o processo de mediação como um espaço enriquecedor, como discente entendo que esse local me permite aprimorar várias habilidades, como a comunicação e dicção, de compartilhamento de conhecimentos para os profissionais que atuam na área de saúde mental, para os estudantes que, futuramente, atuarão com esse público, e também, para mim que aprendo com as perspectivas deles e com a experiência de compartilhar informações científicas, que me aproximam de espaços onde desejo estar, como a docência. Poder contribuir de alguma forma na formação desses estudantes e profissionais de saúde, que participaram do curso de extensão, é poder colaborar para minimizar os danos para uma população que tanto sofre vítima de preconceitos. Para mim, é fascinante a busca por uma sociedade com atendimentos mais humanizados, que dá direitos ao sujeito em sofrimento psíquico, que respeita à pessoa e ao seu corpo.

  • Keywords
  • Saúde Mental; Direito sanitário; Sistema Único de Saúde
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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