As “sociedades do conhecimento” apresentam como bases fundamentais a tríade: Criação, inovação e produção de informação, sendo isso uma prática cultural do homem moderno na busca de explicar a realidade. É nesse cenário de inovações que surge a Inteligência artificial (IA), que é o ramo da ciência da computação que usa algoritmos definidos por especialistas em programação com a capacidade de reconhecer um problema, ou uma tarefa a ser realizada, analisando dados e tomando decisões, simulando a capacidade humana. Apesar da inovação e desenvolvimento tecnológico em várias áreas da medicina em especial no diagnóstico por imagem, constata-se que 32% dos erros médicos no Estados Unidos decorrem de problemas na relação médico-paciente, de um exame clínico deficiente (Anamnese). Para reforçar a importância dessa análise clínica inicial, foi realizado um estudo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), demonstrando que uma anamnese bem executada era responsável por 40,4% dos diagnósticos, sendo que os exames complementares ficaram com o percentual de 29,5%. Dessa forma é perceptível a importância de priorizar essa prática, com o objetivo de construir um aprendizado sólido e bem estruturado para os futuros médicos, ressaltando a necessidade de se redefinir a prática de anamnese, principalmente quando se busca melhorias para ela durante o ensino nas faculdades de medicina. A partir desse contexto, fica perceptível que para a área da saúde estar em constante evolução, com a presença de profissionais cada vez mais capacitados e atualizados é necessário a aplicação de novas metodologias de ensino que combinem conhecimentos em inteligência artificial com expertise na área de medicina. Essa abordagem permitirá uma análise integrada dos aspectos teóricos e práticos envolvendo a anamnese sem a necessidade de pacientes ou alunos atores, pois a IA teria a função de substituir essa demanda, tornando a prática da anamnese muito mais simples de ser aplicada, menos estressantes para os alunos e com uma gama gigantesca de casos que poderiam ser explorados pelos docentes durante a aula de habilidades médicas. Como a educação médica busca acompanhar o ritmo das inovações, a inteligência artificial surge como uma poderosa ferramenta para transformar o ensino e a aprendizagem. O processo de Anamnese é um aspecto fundamental do aprendizado clínico e consiste na avaliação sistemática de todos os fatores relevantes para a doença, bem como na identificação de possíveis complicações. As práticas de anamnese desempenham um papel crucial na identificação de condições médicas subjacentes e na definição do plano de tratamento, este processo é essencial para a tomada de decisões no atendimento médico e pode ser melhorado pela prática contínua. A utilização de técnicas de inteligência artificial pode ajudar a melhorar a eficiência das práticas de anamnese, além de fornecer uma plataforma para o aprendizado contínuo do futuro profissional de saúde. A IA oferece diversos benefícios para o ensino médico, aprimorando a experiência de aprendizado e preparando os alunos para a prática clínica, democratizando o acesso à educação de qualidade e expandindo as oportunidades de aprendizado. As metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em problemas educativos, quando combinadas com a IA, geram um ambiente de aprendizado dinâmico e envolvente, desenvolvendo habilidades essenciais para a prática médica, como comunicação, trabalho em equipe, pensamento crítico e resolução de problemas. A personalização do Aprendizado permite adaptar o conteúdo e as atividades de acordo com as necessidades individuais de cada aluno, otimizando o processo de aprendizagem e garantindo que todos alcancem seu potencial máximo. O Feedback Imediato e Construtivo através da análise de respostas e comportamentos, fornece retorno em tempo real, permitindo que os alunos identifiquem seus pontos fortes e áreas para aprimoramento, acelerando seu progresso. As Simulações Realistas e Imersivas desenvolvidas pela IA possibilita a criação de simulações virtuais de cenários médicos, como consultas, procedimentos e cirurgias, proporcionando aos alunos experiências práticas seguras e realistas, essenciais para desenvolver habilidades clínicas essenciais. A preparação para a realidade clínica através da simulação de cenários reais e da resolução de problemas complexos construídos pelas IAs simulando os pacientes preparam os alunos para os desafios que enfrentarão no dia a dia da profissão. O uso da IA como prática de metodologia ativa nos cursos universitários da área da saúde abre um leque de possibilidades para a formação de médicos bem capacitados e prontos para desafios futuros. O presente estudo é conduzido por uma revisão bibliográfica com o intuito de discutir a inserção da IA na educação médica. A extração de dados foi realizada na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) usando os seguintes descritores: Inteligência artificial, Anamnese e Educação na área da saúde no recorte temporal de 2018 a 2023. Diversas instituições de ensino médico ao redor do mundo estão implementando projetos inovadores que integram IA, exemplo disso é a Universidade de Pittsburgh (EUA) que utiliza simuladores virtuais de pacientes com Inteligência artificial para aprimorar as habilidades de anamnese e exame físico dos alunos, Universidade de Stanford (EUA): Implementa jogos educativos com IA para ensinar anatomia e fisiologia aos alunos de forma lúdica e interativa e a Universidade de Toronto (Canadá): Desenvolve plataformas de aprendizagem personalizadas com IA para acompanhar o progresso individual de cada aluno. Os resultados esperados pela inserção da inteligência artificial para o ensino da anamnese nas faculdades de medicina contribuirão para melhoria da capacitação dos profissionais da saúde, com consequência de uma melhor eficiência no exame clínico, reduzindo o tempo de espera dos pacientes, as possibilidades de erros de diagnósticos e diminuição dos custos relacionados ao processo de diagnose e tratamento. A IA, como ferramenta poderosa para a prática de metodologias ativas nos cursos universitários da área da saúde, representa um marco na educação médica. Através da personalização do aprendizado, feedback imediato, simulações realistas e metodologias ativas envolventes, essa tecnologia revolucionária prepara os futuros médicos para os desafios do futuro, garantindo uma formação de excelência e contribuindo para o avanço da saúde. Devemos mencionar que a inteligência artificial é uma ferramenta poderosa que deve ser utilizada de forma responsável e ética na educação médica sem esquecer de mencionar que a integração da IA com as metodologias ativas exige planejamento, treinamento e acompanhamento adequados por parte dos educadores.