CUIDADO NÃO É SÓ PARA MULHER HÉTERO: O ACESSO À SAÚDE DE MULHERES LÉSBICAS E BISSEXUAIS

  • Author
  • Camila Freire Albuquerque
  • Co-authors
  • Maria Eduarda Delduque Pereira , Breno de Oliveira Ferreira
  • Abstract
  •  

    Introdução: As influências heteronormativas estruturais resultam no afastamento das mulheres lésbicas e bissexuais dos serviços de saúde, materializado principalmente pela discriminação e falta de qualificação profissional, acarretando na invisibilização dessas mulheres dentro do Sistema Único de Saúde e no afastamento do ideal de cuidado que preza pela universalidade, equidade e integralidade. Consideramos também que ainda que a maioria dos estudos analise o debate da bissexualidade de mulheres junto às lesbianidades, mulheres bissexuais enfrentam preconceitos e estigmas próprios desse grupo, como a alegação de promiscuidade, a tendência à infidelidade e a hipersexualização, além da premissa de que seja uma orientação sexual transitória. Dessa maneira, a bifobia – os movimentos de violências, apagamentos e deslegitimações da bissexualidade – também figura como entrave ao cuidado integral de mulheres bi. Sabendo disso, questionamo-nos até que ponto a fragilidade e vulnerabilidade dessas mulheres conseguem ser reconhecidas entre os profissionais de saúde. Objetivo: Assim, o propósito desse estudo é caracterizar o acesso e a promoção em saúde de mulheres lésbicas e bissexuais através de uma revisão da literatura. Métodos: A presente revisão sustenta-se nas bases de dados eletrônicas Medline, SciELO, BDENF e LILACS. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 5 anos, nos idiomas inglês, português ou espanhol, baseadas nos descritores "Mulheres que fazem Sexo com Mulheres", " homossexualidade feminina", “assistência integral a saúde” e “acesso aos serviços de saúde”. A análise dos artigos selecionados foi realizada por meio de uma abordagem qualitativa, com a identificação de temas e padrões emergentes. Resultados: A revisão contou com a análise de 19 artigos, com predominância de pesquisas qualitativas. O acesso à saúde de mulheres lésbicas e bissexuais encontra-se permeado por obstáculos de natureza estrutural, pessoal e cultural. Os artigos relataram desconforto profissional ao lidar com a homossexualidade feminina; necessidade de reflexão sobre a postura profissional frente a exames ginecológicos e educação quanto a métodos contraceptivos e profiláticos envolvendo a saúde sexual não heteronormativa, assim como abertura e sensibilização para a diversidade sexual. Destaca-se também a importância da escuta qualificada e do acolhimento como elementos fundamentais na assistência, promovendo desconstrução de mitos e estigmas no atendimento a mulheres lésbicas e bissexuais, e oportunizando acesso a informações em saúde seguras. A necessidade de transformações no campo da saúde requisita a efetiva implementação de políticas e programas que promovam a sensibilização das equipes multiprofissionais através da educação permanente e o desenvolvimento de pesquisas que abordem as necessidades dessas populações, subsidiando modelos de cuidado inclusivos, que assegurem o acesso a direitos e a promoção da equidade no campo da saúde. Considerações finais: A normatização inflexível das práticas de cuidado cria situações constrangedoras para as usuárias, forçando-as a fazer escolhas delicadas entre preservar sua integridade física e mental ou aceitar o que é considerado “cuidado” pelos padrões convencionais. A conscientização e a mudança de paradigma são cruciais para alinhar a teoria das políticas públicas com a prática, garantindo que o cuidado integral seja uma realidade acessível e respeitosa para todas as mulheres, independentemente da orientação sexual.

  • Keywords
  • Mulheres que fazem Sexo com Mulheres, Assistência integral a saúde, Acesso aos serviços de saúde.
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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