Apresentação: Antes mesmo do nascimento, o ser humano já é capaz de reter aprendizado e, até mesmo, organizar defesas contra possíveis traumas. A experiência em que um corpo sustenta outro constrói o vínculo mãe-bebê, o qual, quando construído de forma segura, poderá fornecer à criança um desenvolvimento biopsicoafetivo saudável. Entretanto, quando o bem-estar destas mães é afetado esta relação é comprometida, o que traz um alerta para a saúde pública e justifica o presente estudo. Nesse contexto, foi desenvolvida uma ferramenta social para empoderar gestantes e relatar a experiência da equipe de saúde perante uma das atividades pertencentes ao projeto A(dotando) Vidas, realizado em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) da Zona Oeste de Santa Maria/RS.
Desenvolvimento: Expor um relato de experiência das atividades integradoras do projeto A(dotando) Vidas, realizado em uma ESF de Santa Maria/RS. A equipe interprofissional planejou grupos operativos com gestantes inseridas em um contexto de vulnerabilidade social a fim de fortalecer o vínculo materno-infantil e promover uma experiência saudável tanto no período gestacional quanto puerperal. O estudo tem como metodologia um relato de experiência de cunho descritivo que elucida dados qualitativos e quantitativos, ocorrido de março a agosto de 2023 na Zona Oeste de Santa Maria. Primeiramente, foram selecionadas 17 gestantes adscritas neste território e, após, houve a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a classificação de acordo com seu grau de vulnerabilidade pela Escala de Coelho Savassi e a resposta de um questionário desenvolvido pela equipe. Em sequência, houve a realização de grupos operativos, sessão de fotografias e dinâmicas para atender a demandas e questionamentos das mulheres, potencializar o autocuidado, fortalecer o binômio mãe-bebê e, sobretudo, a individualidade materna.
Resultados: O grupo observou na prática o quanto a vulnerabilidade social influencia diretamente questões subjetivas da gestante, tanto com o seu estado gravídico e puerperal, quanto à relação mãe-bebê, e constatou a importância de atividades como as propostas na realidade destas mulheres e crianças do município. A felicidade e gratidão das gestantes para com a equipe de saúde foi o maior impacto a curto prazo, percebido através do sorriso, boa disposição e autoestima das mulheres durante as dinâmicas. Como relatado por muitas, aqueles eram os únicos registros de suas gestações até então e que estariam, a partir da participação no projeto, mais animadas e confiantes quanto ao nascimento do bebê. A longo prazo, foi avaliada uma redução da prevalência de Depressão Pós Parto na amostra, maior adesão e confiança das puérperas na ESF, melhor seguimento nas consultas de puericultura e fortalecimento do laço materno-infantil.
Considerações finais: Diante dos resultados do projeto, torna-se evidente a importância da expansão do conceito de saúde não apenas como ausência de doença, mas também presença de bem-estar mental e social. Paralelamente, atividades sociais de promoção à saúde em gestantes nas comunidades é de grande valia para o estímulo do autocuidado das gestantes, favorecendo o vínculo entre mãe e bebê e influenciando na qualidade de vida e na saúde emocional do binômio em curto e longo prazo.
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