A abordagem da interseccionalidade permite uma melhor compreensão dos diferentes sistemas de exclusão que interagem e se sobrepõem no tecido social, evidenciando que certos problemas não podem ser abordados de forma isolada pelas políticas públicas. Esta comunicação, fruto de uma pesquisa em curso, se propõe a organizar e interconectar alguns dos vários aspectos envolvidos na reflexão sobre cuidado e políticas de saúde a partir da situação de mulheres migrantes em Manaus durante a pandemia de Covid-19. Utilizando metodologia qualitativa – observação participante e entrevistas semiestruturadas, tomadas entre janeiro e maio de 2022 com três mulheres migrantes venezuelanas em Manaus, buscamos qualificar, através da técnica de análise de conteúdo, categorias como “cuidado”, “saúde”, “migração” no discurso destas mulheres, bem como os impactos que o deslocamento teve no âmbito da pandemia de Covid-19, cujo caráter de emergência sanitária teve a cidade de Manaus como um dos epicentros mundiais da emergência sanitária. Os relatos falam de momentos dramáticos do deslocamento, da dificuldade em inerir-se no sistema de saúde, dos gargalos relacionados aos desafios da pandemia e de como mulheres em situação de deslocamento representam um tópico de interesse do sistema de saúde brasileiro, uma vez que apresentam desafios muito específicos relacionados ao perfil destes sujeitos, bem como as particularidades do contexto amazônico e das áreas próximas às fronteiras. Este trabalho é resultado parcial do projeto: Acesso à saúde e vulnerabilidades de migrantes internacionais no contexto de disseminação da COVID-19: uma pesquisa interinstitucional em rede colaborativa, com apoio da FAPESP (processo: 2021/06792-2), do CNPQ (processo 403913/2021-7) e do projeto Saúde de migrantes venezuelanos no contexto da pandemia de Covid-19 em Manaus: Estratégias de enfrentamento e redes sociais (FAPEAM/PIC Fiocruz Amazônia 2023/2024).
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