O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) é um dos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que ofertam o cuidado de saúde mental de crianças, adolescentes e jovens. O cuidado em saúde mental acontece dentro e fora dos equipamentos da RAPS. A experiência profissional em um CAPSi despertou o interesse em me aproximar das questões que permeiam a saúde mental que estão fora do CAPSi, essa aproximação se deu a partir da compreensão dos adolescentes e jovens do CAPSi sobre o território. Para isso, foi realizada uma pesquisa etnográfica com dez adolescentes e jovens acompanhados no CAPSi de Santos-SP. Foi percebido que os adolescentes e jovens experienciam diversas situações de violência que são produzidas no território pelo Estado, evidenciando a necropolítica como controle estatal sobre a vida dos adolescentes e jovens que vivem em territórios periféricos, os relatos dos participantes revelam que existem determinantes como o território e raça/cor que influenciam sua segurança e exposição à violência. Gerando a desproteção e descuido, ao revelar situações em que o Estado falha em garantir o cuidado e contribui para o agravamento do sofrimento mental dos adolescentes e jovens. No campo da saúde coletiva e saúde mental sabe-se que para cuidar é necessário aproximação com a realidade dos adolescentes e jovens, compreender o contexto social e territorial em que vivem, gênero e raça também são questões cotidianas que atravessam o seu modo de viver. Por isso, entender a interseção entre território, cuidado e saúde é fundamental para compreensão das experiências de vida dos adolescentes e jovens e as influências em sua saúde mental.