Fortalecendo a Inserção do Acadêmico na Sala de Vacinação: O Papel Essencial do Estudo do Programa Nacional de Imunização

  • Author
  • Luiz Felipe Deoti
  • Co-authors
  • Beatryz Aparecida Pecini Liciardi , Patrícia Zanon , Leticia Maria Rostirolla
  • Abstract
  • Apresentação: trata-se de um relato de experiência de acadêmicos de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina, acerca das Atividades Teórico Práticas (ATP’s) vivenciadas no contexto da imunização em sala de vacina, localizada em uma Unidade Básica de Saúde na região Oeste de Santa Catarina. As ATP’s foram realizadas no primeiro e segundo semestre do ano de 2023. O presente relato, tem por objetivo destacar a importância do envolvimento dos acadêmicos de enfermagem em práticas de imunização comunitária e enfatizar a relevância do Programa Nacional de Imunização (PNI) no cenário epidemiológico brasileiro. Desenvolvimento: o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Brasil, criado em 1973, tem sido essencial no controle de doenças infecciosas, reduzindo significativamente a incidência de doenças imunopreveníveis como sarampo e poliomielite. Através do Sistema Único de Saúde (SUS), o PNI oferece uma ampla gama de vacinas gratuitamente, melhorando os indicadores de saúde pública e a expectativa de vida por meio de campanhas de vacinação e educação em saúde. Vale ressaltar que o programa está alinhado com os princípios e diretrizes do SUS, sendo universal e promovendo atendimentos sem barreiras de acesso em todo o território nacional. O programa conta com uma Rede de frio, sistema organizado e integrado para o armazenamento, transporte e manutenção dos imunobiológicos em temperaturas adequadas, garantindo que estes imunobiológicos se mantenham eficazes desde o laboratório de fabricação  até a administração nas salas de vacinação. Para isso a rede de frio, orienta todos os processos de trabalhos, estabelecendo rotinas nos diferentes níveis (federal, estadual, regional, municipal e local) em que os imunobiológicos perpassam.  Em nível local, o qual foi realizada a experiência acadêmica, ficou visível os processos ordenados pelo PNI que compete à sala de vacina, envolvendo armazenamento dos imunobiológicos; controle de estoque dos insumos inerentes às atividades de vacinação; registro e monitoramento de temperatura das câmaras refrigeradas e ambiente; atendimento aos usuários com acolhimento, orientação e educação em saúde; notificação de agravos e esquemas vacinais de seguimento (atendimento antirrábico, e exposições de risco para tétano); administração de vacinas e por fim,  a vigilância de eventos adversos pós vacinação. Conhecendo os processos de trabalho envolvidos no contexto da imunização, a atuação da equipe de enfermagem é fundamental para que os processos de trabalhos sejam realizados com eficiência e excelência, tendo o enfermeiro como responsável técnico pela equipe e ações que sustentam a rede. Dada a singularidade dos conhecimentos que o programa apresenta, a grade curricular do curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina inclui esse tema na disciplina de Enfermagem em Saúde Comunitária V (SAC-V). Neste contexto, os acadêmicos do 5º semestre adquirem conhecimentos sobre o PNI e suas atividades preconizadas, com o intuito de impactar diretamente na qualidade dos serviços, visto que um acadêmico bem preparado tem grandes chances de se tornar um profissional competente. Para este propósito, dentro da sala de aula, o docente discorre sobre as particularidades do programa, instruindo os alunos sobre as funções do enfermeiro e da equipe de enfermagem nas salas de vacinação. Resultados: a partir do conhecimento adquirido dentro da sala de aula sobre o PNI e o calendário vacinal, os acadêmicos iniciaram as ATP’s na Unidade Básica de Saúde para vivenciarem a realidade do profissional de enfermagem inserido neste setor. Para isto, o docente exemplificou o correto manejo dentro da sala de vacina, oportunizando aos acadêmicos a realizar as tarefas requisitadas no setor. Ao iniciar o turno, foi feito o check-list do refrigerador para verificação da temperatura e registro na planilha, após isso, foi organizado a caixa térmica, inserindo as bobinas reutilizáveis de gelo já com as características ideais na caixa térmica, após ambientadas, organizamos as vacinas abertas aptas para utilizar no dia. Após esse procedimento, foi iniciado o atendimento de livre demanda. Conseguinte, o docente apresentou os sistemas de informações utilizados na sala de vacina, oportunizando-os a realizar operações no sistema como: a busca de cadastro do paciente, consulta do histórico de vacinas aplicadas, busca ativa de pacientes faltantes e registro de vacinas aplicadas no dia. Posteriormente, com o conhecimento prévio sobre as técnicas de aplicação, os acadêmicos realizaram a prática de vacinação propriamente dita. Vale ressaltar, que no atendimento ao paciente na sala de vacina, as melhores práticas da sala de vacina foram prioridade, atentando-se para os procedimentos pré-vacinação estabelecido pelo Manual de Normas e Procedimentos para vacinação do PNI, pontuando os principais questionamentos: identificação do paciente, idade, história clínica prévia ou em tratamento, se faz uso contínuo de medicações, se o paciente teve febre nas últimas 24 horas, se houve internação nos últimos 30 dias;  episódios diarreicos, histórico de alergias medicamentosas ou alimentares, se houve reações adversas em vacinações anteriores, sintomas gripais, dentre outros questionamentos singulares de cada vacina ou do público alvo. Também os procedimentos durante a vacinação foram cumpridos, atentando-se para as melhores práticas, a fim de evitar Eventos Adversos Pós Vacinação (EAPV) relacionados a erros de administração. Quanto aos procedimentos pós vacinação, os acadêmicos realizaram as orientações sobre os possíveis EAPV esperados e salientando buscar atendimento em caso de EAPV não esperados. Durante as ATP’s os acadêmicos puderam também vivenciar a vacinação extramuro, ao qual seguiu-se protocolos recomendados para o armazenamento dos imunobiológicos em temperatura controlada em todo processo, levando a imunização para a população que não conseguia se deslocar até o serviço de saúde, pondo em prática os princípios de universalização, equidade e integralidade defendidos pelo SUS. Considerações finais: a participação direta nas atividades teórico-práticas no contexto de imunização não apenas fortaleceu a inserção dos acadêmicos de enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina na sala de vacinação, mas também proporcionou uma compreensão profunda sobre o impacto e a eficácia do PNI. Esta experiência contribuiu significativamente para o desenvolvimento de competências profissionais essenciais, tanto individuais quanto coletivas, permitindo que os futuros enfermeiros adquirissem habilidades práticas e teóricas robustas em diversas situações, desde a administração de vacinas até o gerenciamento de desafios logísticos e clínicos associados ao processo de imunização. O envolvimento prático reforçou a importância da teoria aprendida em sala de aula, preparando os estudantes para enfrentar com confiança e competência os desafios do campo de saúde pública. Além disso, a experiência evidenciou o papel crítico do PNI no controle de doenças imunopreveníveis, demonstrando a relevância de suas estratégias de cobertura vacinal e educação em saúde na promoção do bem-estar da população brasileira. Ao concluirmos nossa jornada prática, reafirmamos a essencialidade do estudo aprofundado do PNI, que se mostrou uma ferramenta vital na formação de profissionais qualificados e comprometidos com a excelência em saúde pública. Desse modo, fica evidente que o fortalecimento da inserção acadêmica nas salas de vacinação é crucial para a sustentabilidade do sucesso epidemiológico do Brasil, enfrentando desafios futuros com inovação e eficácia.

  • Keywords
  • Enfermagem, Programa Nacional de Imunização (PNI), Educação em Enfermagem, Vacinação.
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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