APRESENTAÇÃO: A Estratégia Saúde da Família (ESF) é um modelo que visa reorganizar a Atenção Básica norteada pelos princípios e diretrizes do Sistema único de Saúde (SUS), ampliando a cobertura e oferecendo cuidados de saúde que envolvem a promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, em um cuidado integral e voltado a população de um território específico. A equipe da ESF é multiprofissional e trabalha em conjunto para ofertar uma atenção a saúde completa e contínua, e deve ser composta por, no mínimo: médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; auxiliar ou técnico de enfermagem; e agentes comunitários de saúde (ACS). Além disso, podem ser incluídos nessa equipe profissionais de Saúde Bucal: como cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal. Outrossim, as unidades trabalham com território de abrangência definido, nesse sentido, recomenda-se que cada equipe seja responsável por no máximo 4.000 pessoas, com uma média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para essa definição. Aconselha-se que o número de pessoas por equipe considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo que, quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe. Dentro os serviços oferecidos se têm as visitas domiciliares (VD), viabilizando a busca ativa de casos, além de ser uma forma de atenção em saúde coletiva voltada ao atendimento individual e familiar ou à coletividade, ofertada na residência do paciente e caracterizada por um conjunto de ações à saúde, seja assistenciais e educativas, com garantia da continuidade do cuidado e integrada à Rede de Atenção à Saúde. Dessa forma, o enfermeiro torna-se o profissional imprescindível para que a visita domiciliar seja efetiva e eficaz, buscando diagnosticar e rastrear as necessidades integrais da família e/ou de um dos seus membros de forma específica. Sendo um personagem importante no processo saúde-doença dos pacientes, com a capacidade de promover um atendimento qualificado e humanizado, de acordo com as necessidades e fragilidades do paciente e sua família, oferecendo não somente o serviço de saúde, mas também acolhimento e uma escuta ativa. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência acerca da vivência de 6 acadêmicos durante visitas domiciliares, orientados por uma preceptora e acompanhados por agentes comunitárias em saúde (ACS), realizadas no decorrer do estágio supervisionado em saúde coletiva realizado em uma Unidade de Saúde da Família (USF) durante o primeiro semestre do ano de 2024 e o último período do curso de enfermagem de uma universidade pública localizada no interior do estado do Pará. RESULTADOS: Durante as visitas, que totalizaram 8, os acadêmicos foram acompanhados por sua preceptora e pelas as ACS que desempenharam um papel fundamental no acolhimento por fazerem parte da comunidade, o que permitiu a criação de vínculo mais facilmente, além de terem avisado quando as visitas seriam realizadas para que o paciente e/ou cuidador pudessem se organizar para receber a equipe, e identificar qual a necessidade do paciente para o devido transporte dos materiais necessários, sejam eles para curativo, renovação de receita ou para verificar sinais vitais. Nesse sentido, foram realizados esses procedimentos, assim como consulta de enfermagem, verificação de caderneta de vacinação, checagem de medicamentos e armazenamento, orientações de enfermagem, aconselhamento sobre realização de exames e consultas, testes para COVID-19 quando necessário, além da escuta ativa. A VD proporciona maior liberdade ao usuário e o conhecimento sobre o indivíduo permite melhorar a prestação da assistência integral, além de poder visualizar o contexto e dinâmica familiar e tentar melhorar o relacionamento do grupo familiar com os profissionais de saúde, por ser um ambiente sigiloso e menos formal. Durante as visitas, também foi possível realizar a ambiência com observação dos riscos, como por exemplo, o risco de queda. Diante desse cenário, foram sugeridas algumas adaptações, banheiro com a inclusão de tapetes antiderrapantes; atenção à altura da cama; também sendo observado a higienização; ventilação; origem da água para consumo; presença de animais domésticos; estilo de vida. Ademais, através das falas dos pacientes foi possível perceber que eles estavam satisfeitos com o atendimento detalhado e que as visitas não ocorrem com tanta frequência, devido o quantitativo de profissionais para atender um extenso território não se têm um dia fixo para que ocorram. Além disso, a locomoção a pé exige um maior tempo, quando não há disponibilidade de veículos da secretaria de saúde, influenciando em um número menor de atendimentos. De modo geral, os objetivos das VD foram desenvolvidos conforme o esperado, por ser uma oportunidade de compreender e aprender sobre questões que vão além da doença física e que incluem aspectos sociais e emocionais, fornecendo orientações mais focadas nas reais necessidades de saúde dos usuários, buscando portanto, a individualidade na forma de se cuidar; as fragilidades existentes e o que pode ser melhorado na atenção domiciliar. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A vivência permitiu observar a importância da visita domiciliar na ESF em colaborar com a reabilitação e assistência aos pacientes que não podem se deslocar à unidade. O atendimento e a escuta ativa e qualificada permitem um direcionamento mais claro no acompanhamento do processo saúde-doença do paciente, colaborando no desenvolvimento de sua recuperação e no seu autocuidado. Contudo, não esquecendo do ambiente no qual o indivíduo está inserido, bem como, suas fragilidades, sejam elas econômicas ou sociais. Sendo esse um fator crucial em determinar as melhores estratégias para a recuperação e prognóstico do paciente. Assim, destaca-se a importância e necessidade de aumentar a quantidade de visitas semanalmente, tal como organizar roteiros para as mesmas, de acordo com a demanda e necessidades dos pacientes de modo a contribuir para o desenvolvimento de uma VD planejada e efetiva, sendo esta uma ferramenta essencial na atuação do enfermeiro que atua na atenção primária à saúde. Além de colaborar no desenvolvimento de práticas e habilidades durante a formação profissional dos acadêmicos, pautado no atendimento individualizado, na humanização e no enfrentamento às mudanças de modelo de atenção, como foi possível ser incrementado durante as visitas domiciliares. Com isso, é colocado em prática a assistência aos pacientes em uma visão holística de acordo com suas demandas, buscando acolher, mediante uma escuta ativa e colaborar com a sua saúde, através da realização da consulta de enfermagem e procedimentos, como curativo e aferição de sinais vitais. Dessa forma, as visitas tornam-se fundamentadas na humanização e no cuidado centrado no usuário e sua família.