As residências médicas desempenham um papel crucial na especialização de profissionais médicos, sendo a residência em Medicina de Família e Comunidade uma inovadora em diversos processos educacionais e no fortalecimento da Atenção Básica brasileira e, por conseguinte, do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse contexto, o módulo de preceptoria assume um papel fundamental ao integrar os residentes como preceptores dos estagiários (internos) dos cursos médicos, visando promover um ambiente de integração entre a especialização e a docência, além de estimular mais especialistas da área a integrarem o quadro de preceptores após sua formação. O objetivo deste relato é descrever a experiência dos residentes em Medicina de Família e Comunidade atuando como preceptores de internos de medicina em uma Unidade de Saúde da Família em Manaus. Os eventos ocorreram na Unidade de Saúde da Família Desembargador Fábio do Couto Valle, situada no bairro Jorge Teixeira, entre 01 de março de 2024 e 26 de abril de 2024. Durante esse período, três residentes do segundo ano do programa de residência em Medicina de Família e Comunidade, vinculado à Escola de Saúde Pública de Manaus, cada um inserido em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) diferente, receberam três internos do curso de medicina da Universidade do Estado do Amazonas. Dois internos acompanharam a residente da ESF 182, enquanto um acompanhou o residente da ESF 180 e outro acompanhou o residente da ESF 181. Antes da chegada dos novos internos, realizou-se um planejamento quinzenal das atividades, com a definição de nove temas a serem abordados ao longo de seis semanas, período em que os internos estariam no módulo de Atenção Primária em Saúde do estágio obrigatório (internato). Foram estabelecidos objetivos, metodologias, um contrato didático inicial e regras de utilização do espaço da unidade. A integração dos internos ocorreu a partir de 04 de março de 2024, com a apresentação de todos os setores da unidade, a elaboração conjunta do contrato didático final e a definição das metas dos educandos, forças e oportunidades. Durante as semanas seguintes, os estagiários, sob a tutela e orientação dos residentes, participaram das atividades diárias da unidade, incluindo consultas médicas e de enfermagem, grupos de discussão e participação em projetos comunitários, como grupos e a horta comunitária. Tiveram a oportunidade de vivenciar na prática o funcionamento da atenção básica e seu potencial resolutivo dentro das redes de saúde. Para os residentes, essa foi uma oportunidade valiosa de aplicar atividades baseadas em problemas, utilizando casos clínicos como ponto de partida para discussões e sedimentação do aprendizado. Ao final do período, os internos elaboraram um ecomapa da unidade e apresentaram uma avaliação final, composta por uma descrição das atividades realizadas e notas atribuídas. Esta experiência inicial de preceptoria demonstrou ser um catalisador para o desenvolvimento das habilidades de preceptoria na residência, proporcionando uma relação horizontal de aprendizado entre internos e residentes, além de prepará-los para futuros módulos e outras turmas a seguir, respectivamente. Sobretudo, representa um exemplo de fortalecimento do SUS por meio da educação em saúde.