Proteger alguém é uma forma de cuidado. Esse é o significado de paliar, derivado do latim pallium, termo que nomeia o manto que os cavaleiros usavam para se proteger das tempestades pelos caminhos percorridos. As práticas dos cuidados paliativos visam minimizar o desconforto através de intervenções farmacológicas e não farmacológicas; evitar procedimentos invasivos desnecessários; oferecer suporte para as famílias em todas as áreas; compartilhar as informações pela equipe, respeitar a tomada de decisão e o desejo dos pais, entre outras ações. Os neonatos são aqueles compreendidos nos 28 primeiros dias de nascimento, os quais apresentam condição de saúde de maior fragilidade, podendo apresentar graves problemas de saúde. Entre as condições de saúde que acometem os neonatos e causam morte podemos citar a prematuridade, malformações congênitas, fibrose cística, anemia falciforme, falência de órgãos, paralisia cerebral grave etc. No espaço de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal são experimentadas as vivências de diferentes encontros: o da mãe com seu bebê durante a gestação, da mãe com o parto; a vivência da mãe/pai com seu bebê prematuro, da mãe/pai com a equipe, e da equipe com o bebê e pais. São relações repletas de conteúdos referentes às histórias particulares de vida de cada um envolvido com a prematuridade. É um processo de múltiplas interações, encontros que envolvem as tecnologias duras, leves-duras e leves (profissionais, tecnologias, conhecimentos, pais e bebês), marcado por fatores que facilitam e/ou dificultam o acesso ao cuidado. Qual é a visibilidade dos pais do processo dos cuidados paliativos (que nem sempre tem como foco a cura, entretanto deve ser realizado da melhor maneira atendendo as necessidades do bebê e familiares)? Qual é a conduta dos profissionais, no auxílio aos neonatos e pais nesse momento difícil, utilizando-se das experiências e conhecimentos? No contexto da prematuridade nos deparamos com os cuidados paliativos em neonatologia, um assunto relativamente novo, tanto teoricamente, como na prática profissional no campo de trabalho da UTI neonatal. O espaço da neonatal é constituído por vários atores, que experimentam os cuidados paliativos, esses atores são os pais, familiares, equipe e instituição. É um coletivo onde os afetos circulam (dores, amores, tristezas, alegrias, medos, ansiedades). Diante dessas adversidades que esta situação desperta. O objetivo geral é fazer um recorte dos cuidados paliativos na visão dos pais, que serão os usuários-guias, embora outros atores que contemplam esse espaço também farão parte na construção da pesquisa. Os objetivos específicos serão analisar o cotidiano dos pais de neonatos fora de perspectiva de cura, analisar as ferramentas de condução dos cuidados paliativos oferecidas para os pais e apresentar os efeitos dos cuidados paliativos na vida dos pais. A pesquisa será desenvolvida na UTI neonatal do hospital universitário de Londrina/UEL e será utilizado o método qualitativo na perspectiva cartográfica, com uso de entrevistas e diário cartográfico. A pesquisa cartográfica parte do entendimento de que a investigação é um modo de interferir no campo, de provocar questionamentos e, nesse caso, construir outras redes de cuidado. Portanto, o trabalho do pesquisador não se faz de modo prescritivo, mas construído em processo, a partir e no encontro. Espera-se, com essa pesquisa, dar visibilidade ao vivido neste momento, os dilemas e os caminhos encontrados, e assim contribuir e subsidiar os trabalhadores de saúde em suas reflexões sobre o tema.