Esta pesquisa versa sobre a saúde da população negra, perpassando a resistência, a luta, os enfrentamentos e o racismo no Brasil, considerando desde a sociedade em seu estado colonial até os dias atuais, culminando na análise da construção de uma política pública de saúde para a população negra. Percebemos que a saúde da população negra é atravessada por desigualdades e iniquidades, tendo em vista o racismo institucional. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o racismo é um dos determinantes sociais do processo de adoecimento e morte dessa população, mas, ao longo da história do país, há um extenso rastro de lutas e resistências para a garantia do direito à saúde, entre outros avanços importantes descritos na historiografia. Para falar sobre a saúde da população negra e as resistências, foi necessário realizar uma pesquisa direcionada ao passado, embora sem a preocupação de obedecer a uma forma totalmente linear. Essa proposta de organização baseou-se no provérbio sankofa, que significa: “Nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou atrás”, representando uma forma de recolher no passado, trazer ao presente e construir o futuro. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar, a partir da literatura científica e empírica, a política pública brasileira voltada para a saúde integral da população negra, seus avanços e a luta do povo negro para a garantia desse direito. Sendo assim, esta dissertação está organizada em três capítulos/artigos. O primeiro é um ensaio que traz a perspectiva historiográfica da saúde da população negra, destacando as resistências e apresentando o sistema de saúde brasileiro do período colonial até a República, a partir de políticas de morte, compensatórias e emancipatórias, especificamente até o ano 2006, com a aprovação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). O segundo traz um rememorar a partir do documentário da Marcha Zumbi dos Palmares, em 1995, entendendo que esse ato, realizado em Brasília, trouxe avanços para a garantia de direitos para a população negra em vários setores da vida, inclusive na saúde. O terceiro artigo é uma revisão integrativa da literatura, que apresenta experiências do Sistema Único de Saúde (SUS) para o enfrentamento do racismo institucional apresentadas em um congresso brasileiro em 2022.