Reflexões acerca dos direitos sexuais e reprodutivos de homens trans e transmasculinos no SUS: desafios e limitações

  • Author
  • Guilherme Lamperti Thomazi
  • Co-authors
  • Nathália Pacífico de Carvalho , Roberta Siqueira Mocaiber Dieguez , Cristiane da Silva Cabral
  • Abstract
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    O recente período de retrocessos e ataques em relação aos direitos humanos, a compreensão inadequada/deturpada e o uso acusatório sobre “ideologia de gênero” compõem um terrível cenário de exclusões e violências que acometem cotidianamente pessoas trans e travestis. Esse trabalho objetiva discutir como homens trans e outras pessoas transmasculinas são percebidas e incluídas nas políticas públicas de saúde sexual e reprodutiva no Brasil. O livre exercício dos direitos sexuais e reprodutivos ainda não é uma realidade para tais indivíduos. O predomínio de noções binárias sobre sexo e gênero sustentam e reforçam uma hegemonia cisheteronormativa nos discursos e práticas de saúde, de modo a legitimar a invisibilização das necessidades de saúde sexual e reprodutiva dessas pessoas nos serviços de saúde. Os textos oficiais que regulam e orientam o Sistema Único de Saúde ainda são incipientes no que diz respeito a suas necessidades de saúde. As experiências e concepções de homens trans e pessoas transmasculinas nesse campo evidenciam a negligência e a negação de direitos em diferentes contextos. É possível notar a inexistência de materiais sobre a importância da prevenção do câncer de colo de útero nessa população, que historicamente passa por impedimentos e sofre discriminação na tentativa de acessar ginecologistas, médicos de família ou enfermeiros que realizam tais procedimentos. Podemos citar ainda a existência do binômio “mãe-bebê” nas políticas de acompanhamento do puerpério, que novamente não inclui homens trans e pessoas transmasculinas. As políticas específicas para essa população são construídas a partir de um pressuposto patologizante de suas identidades, sendo resumidas a hormônios ou modificações corporais, não levando em consideração pluralidade de existências, tampouco a perspectiva de saúde integral. É primordial a ampliação das discussões que abordem as transmasculinidades no campo da saúde pública, com cuidado especial às questões de saúde sexual e reprodutiva, mas com uma perspectiva integral de assistência em consonância com a despatologização das identidades trans.

  • Keywords
  • Saúde Sexual e Reprodutiva, Homens trans, Equidade em Saúde, Transmasculinos
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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