A população camponesa preserva um modo de vida tradicional, enfrentando, ao longo do tempo, modificações sociais, econômicas e geográficas. O saber popular, típico dessas comunidades, persiste, adaptando-se às mudanças e preservando a identidade cultural. No cuidado à saúde, observa-se imposição do saber biomédico indo de encontro às crenças e tradições locais, num processo de apagamento e dominação pelo saber hegemônico.
A saúde da população rural é influenciada por acesso limitado a serviços de saúde, más condições de trabalho, falta saneamento básico, distância geográfica, e escassez de profissionais sensíveis ao modo de vida tradicional, resultando em resistência na adesão, diagnósticos tardios e tratamentos inadequados.
Do ponto de vista cultural, a dimensão religiosa influencia o cuidado à saúde, afetando a forma como as pessoas percebem a doença, e a incorporam como parte de sua terapia, junto com outras práticas, como o uso de ervas medicinais.
O presente trabalho trata-se de revisão integrativa, com a identificação do problema e definição da questão da pesquisa, com enfoque na saúde pública. Utilizou-se as bases de dados Biblioteca Virtual da Saúde, Scientific Electronic Library Online e Google Acadêmico, utilizando as palavras-chave “saúde população do campo” and "saúde na zona rural”, ‘agrotóxicos’ and ‘trabalho em saúde’ e ‘agrotóxicos’ and ‘impactos na saúde’. Os artigos selecionados foram publicados entre 2018 e 2024. Sua finalidade é proporcionar informações sobre as condições de saúde da população rural e auxiliar na melhoria dessa realidade.
Os agravos prevalentes na saúde da população rural do Brasil abrangem doenças relacionadas ao trabalho agrícola, como intoxicações por agrotóxicos e lesões musculoesqueléticas, doenças respiratórias devido à exposição à poeira e à fumaça de queimadas, infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer. Doenças transmitidas por vetores, como dengue, malária e doença de Chagas, também são comuns.
A Política Nacional de Saúde das Populações do Campo, Floresta e Águas buscou destacar e atender às desigualdades enfrentadas por esses grupos no Brasil, mas sua implementação encontrou diversas dificuldades, como a falta de detalhamento sobre os diferentes contextos rurais e a integração insuficiente com outras políticas sociais e de saúde.
Há disparidade na distribuição dos serviços de saúde, com concentração significativa nos grandes centros urbanos e áreas economicamente mais desenvolvidas. Como consequência, as comunidades rurais enfrentam dificuldades para acessar cuidados médicos, e têm condições de vida e saúde desfavoráveis. Esta disparidade reflete a necessidade urgente de fortalecer a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta, com intuito que promover a equidade no acesso aos serviços de saúde no Brasil.
Para melhorar a saúde da população rural é necessário investir em infraestrutura de saúde adequada, expandir os serviços e capacitar profissionais para atender às necessidades específicas das comunidades rurais. Além disso, políticas públicas para acesso à água potável, saneamento básico, moradia digna e condições de trabalho seguras são fundamentais para o bem-estar dessa população.