VIVÊNCIA DO SUS IN LOCO COMO FORMAÇÃO COMPLEMENTAR PARA FUTUROS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

  • Author
  • DAYNARA GOMES DE OLIVEIRA
  • Co-authors
  • MARILIA GABRIELA NUNES DE OLIVEIRA
  • Abstract
    1. APRESENTAÇÃO

    O presente estudo trata de uma análise da importância de vivências in loco para a formação de futuros profissionais da saúde, partindo da vivência no projeto de extensão VER-SUS (Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde) em sua edição VER-SUS Potiguar: Redes de Atenção à Saúde realizado de 29 de janeiro a 03 de fevereiro do ano de 2024, no Rio Grande do Norte, e mais especificamente em São Gonçalo do Amarante/RN. 

    Logo, objetiva-se refletir acerca da relevância de projetos de extensão com vivência no Sistema Único de Saúde (SUS) in loco para a composição do conhecimento de graduandos de cursos da área da saúde frente ao SUS real - a forma como o sistema funciona na prática - e o SUS legal - a partir do que está disposto na lei nº 8080/1990 -, visando pensar o funcionamento atual desse sistema de saúde e as possibilidades para sua efetivação de fato, partindo das experiências de determinado território em seus múltiplos elementos, sejam: culturais, habitacionais, econômicos, acesso a serviços, dentre outros que compõem os seres sociais e determinam suas necessidades. 

     

    1. DESENVOLVIMENTO

    O VER-SUS é um projeto de extensão de iniciativa da Associação da Rede Unida, que objetiva fomentar a percepção crítica de estudantes de graduação de áreas da saúde para atuarem no SUS, baseando-se nos princípios e diretrizes presentes na legislação. Enxergando os viventes como indivíduos ativos na sociedade, com poder de influência política e aptos a impulsionar mudanças. 

    Busca-se utilizar metodologias ativas para educação em saúde, estabelecendo a expansão da capacitação para atuação no SUS, com estratégia voltada para a qualificação e formação dos futuros profissionais que exercerão suas atividades no nesse sistema. Desta forma, a intenção é aproximar os estudantes da realidade do SUS, ampliar sua compreensão sobre a estrutura do sistema de saúde, seus obstáculos e perspectivas.

    Este projeto ocorre em 06 (seis) dias de imersão total na viv?ncia da saúde, de maneira teórica - a partir de leituras, discussões e rodas de conversa - e prática - com visitas a unidades de saúde que compõem a rede de atenção à saúde e diálogo com usuários, profissionais e gestores -,  da região previamente definida em edital.

    Assim, despertando nos estudantes a visão crítica e propositiva a partir das vivências realizadas em grupo, nas unidades de saúde e com a comunidade, propondo uma visão da saúde baseada no conceito ampliado. Em que não se limita a ausência de doença, como acreditava-se anteriormente. Mas compreende uma condição de completa satisfação física, mental e social, podendo ainda envolver outras esferas da vida social que não estão contempladas nesses três aspectos, por se tratarem de sensações subjetivas e particulares.

    Projetos de extensão nesta perspectiva são imprescindíveis para formar profissionais da área da saúde voltados para o novo conceito de saúde, como também para a defesa do SUS e da política transversal de humanização, a partir da vivência in loco, se desvinculando de uma visão fatalista – onde o que está dado é dificultoso de se modificar, e por isso não poderá ser alterado – e passando a enxergar o sistema público de saúde como espaço de luta, participação social e garantia de direitos, tornando-se veículos de comunicação capazes de tornar o usuário como centro dessa política social.

     

    1. RESULTADOS

    Durante o período de vivência, nos debates realizados, percebe-se o posicionamento crítico dos estudantes de diversas áreas da saúde e principalmente a capacidade de análise da realidade do território, como também dos impactos do meio na vida e saúde da população.

    Diante desse contexto, é notório a importância da ocupação social nos conselhos de saúde, além da educação popular em saúde, a fim de que a sociedade sinta que faz parte desse processo construtivo do Sistema Único de Saúde (SUS). Desmistificando o senso comum que indica o serviço de saúde como uma política hierárquica e de caráter caritativo para a população, ao qual os usuários não possuem direito a questionar e reivindicar.

    Na verdade, a partir da visão crítica construída nos processos de formação como o VER-SUS, entende-se que o SUS se materializa a partir das necessidades da população de cada território, sendo os usuários peças fundamentais na construção do sistema e os profissionais com o papel de reafirmar essa potência, bem como os gestores de dialogar com os profissionais na busca de entender a realidade a partir de quem se encontra na linha de frente do atendimento. 

    Com base nisso, ao analisar a grade curricular de graduação em saúde, percebe-se que não é ofertado estágios nessa dimensão participativa e em multi esferas da vida social. No entanto, a garantia de vivências e estágios nessa perspectiva torna o SUS mais acessível, palpável e humano.

    Ressalta-se que o tripé da educação é composto por ensino, pesquisa e extensão, estes compõem o processo formativo profissional da graduação. Na área da saúde, os estágios curriculares são presenciais, para que o discente adquira conhecimento também por meio da vivência em campo e da observação da prática profissional. Mas, para além desse formato de estágio, assegurar vivências in loco em projetos de extensão permite uma capacitação alinhada à realidade da vida cotidiana, sendo um fator que contribui significativamente para a formação voltada ao SUS.

     

    1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A partir da vivência em campo, o projeto VER-SUS permite o desenvolvimento crítico em articulação com a realidade objetiva do município que acolhe os estudantes. Com visita aos locais que constituem a rede de atenção à saúde é possível questionar os fazeres práticos, que envolvem a rede de atenção e o usuário do sistema. 

    Dessa forma, é notório que a análise da saúde local por meio da visão dos estudantes que estão imersos na vivência do projeto, promove percepções e consequentemente, questionamentos e proposições de mudanças a partir da elaboração de relatórios à secretaria de saúde municipal do local de vivência, realizados pela equipe de facilitadores, e também, na composição dos portfólios individuais elaborados pelos viventes

     

    A importância dessas modalidades de projetos de extensão se dá muito pela possibilidade de vivenciar a realidade das pessoas em relação à saúde e seus vários agravantes, como também pela possibilidade de troca de conhecimentos entre estudantes e profissionais de diversas áreas do setor saúde. Além de exercitar a convivência, o respeito, os limites e o reconhecimento da história de cada indivíduo.

  • Keywords
  • VER-SUS, graduação, análise, saúde, estágios
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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