Apresentação: A universalização, equidade e integralidade, enquanto princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), buscam garantir ao indivíduo uma assistência à saúde integral, que transcenda a prática curativa e individual. Contudo, há desafios que impedem sua concretização uma vez que a realidade dos serviços de saúde no Brasil é permeada por desafios complexos que impactam diretamente a qualidade e a eficácia do atendimento oferecido à população. No contexto de formação acadêmica em medicina, a vivência prática torna-se essencial para compreender essas nuances e para refletir sobre as estruturas e processos que regem o funcionamento dos hospitais públicos. O objetivo é relatar a percepção de acadêmicas de medicina sobre as condutas dos profissionais de um hospital público da região norte de Belo Horizonte destacando os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde no contexto de urgência e emergência, assim como os aspectos positivos que emergem mesmo em meio às adversidades. Desenvolvimento: Por meio da inserção no Programa de Extensão da Liga Acadêmica de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais (LIASC - UFMG), as acadêmicas de medicina acompanharam uma vez por semana as equipes multiprofissionais para a coordenação do cuidado do Pronto Socorro do Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN), entre junho e agosto de 2023. As alunas observaram atividades como acolhimento, realização de exames, diagnóstico, cirurgias, internação, corridas de leito multiprofissionais, transferência de cuidados e discussão dos casos clínicos. Resultados: Observou-se a limitação da estrutura física do hospital para dar conta de toda a demanda que chega, por se tratar de um hospital de porta aberta de atendimentos de urgência e emergência da região metropolitana de BH. Devido à superlotação, ocorre um maior tempo de espera dos usuários e uma insuficiência operacional de alguns serviços como o de apoio diagnóstico e imagem, bem como uma pressão provocada nos profissionais pelo grande volume de atendimentos. Além disso, o excesso de demanda e a estrutura insuficiente em especial relativa à retaguarda de leitos de internação, CTI e salas de bloco cirúrgico tornam o trabalho bem mais estressante. Por outro lado, mesmo em um cenário desafiador, foi possível observar o atendimento humanizado e interdisciplinar, a dedicação, empatia e disposição dos profissionais diante das necessidades dos pacientes e familiares que os acompanhavam. Considerações finais: A vivência contribuiu para compreensão dos desafios que permeiam o ambiente hospitalar, em especial numa grande porta de emergência da rede metropolitana de saúde. Devido à imprevisibilidade da porta de entrada, é de suma importância uma equipe multiprofissional capacitada e alinhada com a resolução das demandas. Foi notório a necessidade de maiores investimentos financeiros na infraestrutura deste hospital. Ademais, ter contato com exemplos de bons profissionais, desde o início do curso de medicina, propicia uma formação pautada na humanização, ética e compromisso, além de reforçar o pensamento crítico sobre a assistência integral à saúde.
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