Apresentação: As demandas do Sistema Único de Saúde (SUS) refletem as condições de vida, habitação e envelhecimento dos usuários. Os determinantes sociais da saúde, como fatores sociais, econômicos, raciais, moldam os problemas de saúde enfrentados pela população. Consequentemente, as queixas refletem as condições socioeconômicas, como gênero, etnia, nível educacional e renda familiar, dos cidadãos que procuram assistência. O objetivo é relatar a percepção de duas acadêmicas de medicina sobre como os determinantes sociais influenciam no perfil da demanda dos usuários de um hospital público de grande porte que atende urgências e emergências da região norte de Belo Horizonte. Desenvolvimento: No programa Ações de Extensão da Liga Acadêmica de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais (LIASC - UFMG), as acadêmicas acompanharam semanalmente equipes multiprofissionais na coordenação do cuidado do Pronto Socorro do Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN). Os dados sociodemográficos da população norte de BH, foram obtidos pelo Portal de Dados Abertos e Geoespaciais da Prefeitura de Belo Horizonte, sendo analisado o Índice de Vulnerabilidade em Saúde (IVS), o Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU) e o Índice de Desenvolvimento Humano do Município (IDH-M) coletados em 2016. As informações dos pacientes - sobre principais diagnósticos, sexo e raça - foram coletados na base de dados do HRTN no período de junho a agosto de 2023, sob aprovação do Comitê de Ética, pois o projeto ao ser aprovado pela UFMG contempla a utilização das bases de dados dos campos de prática da universidade. Durante as ações do projeto de extensão, chamou atenção a recorrência de casos envolvendo idosos frágeis, pacientes majoritariamente pretos e pardos e diversos casos relacionados a acidentes de trânsito. Várias condições clínicas eram comuns, a citar tabagismo, etilismo e indivíduos com algum sofrimento mental, como depressão. Resultados: Observou-se que os pacientes possuem elevado IVS e o IQVU apontou ser de 0,624, isso é, o menor índice entre as regionais. O IDH-M sobre a renda revelou ser de 0,733, menor que a média regional de 0,841 de BH. Sobre a escolaridade, o IDH-M apontou um índice de 0,679, também abaixo da média geral de 0,737. Estes dados revelam uma maior vulnerabilidade social destes pacientes que procuram o hospital, seja em relação à renda, escolaridade e menor qualidade de moradia e de vida. Os dados das internações no HRTN apontaram que o número total de pacientes atendidos no período de junho a agosto de 2023 foi de 7918 homens e 7460 mulheres. O percentual de pretos e pardos para ambos os sexos foi de 93%. Foram verificados 504 idosos frágeis, dos quais 431 eram pardos. O total de casos com algum tipo de transtorno mental no PA, envolvendo aqueles causados por alcoolismo, tabagismo, depressão ou esquizofrenia, foi de 155. Os dados supracitados reforçam a alta vulnerabilidade social e o baixo índice socioeconômico. Considerações finais: A vivência reforçou o pensamento crítico sobre a assistência integral à saúde e a identificação pelas alunas da necessidade de se investir em políticas públicas que atuem sobre iniquidades em saúde.