O presente relato de experiência visa iniciar reflexão da produção de cuidado pela equipe de consultório na rua com gestantes em situação de rua, uma vez que estas estão sujeitas a vários tipos de riscos e por ser, tanto a gestação como a maternidade, temas extremamente complexos. A equipe do consultório na rua deve ativar o território, realizando a interlocução com os equipamentos necessários para o caminhar da gestante em situação de rua na rede para cuidado integral. Objetivos: Apresentar um relato de experiência sobre o acompanhamento realizado pela equipe do consultório na rua à gestante em situação de rua na zona oeste do município do Rio de Janeiro. Resultado: O caso em especial se refere a uma mulher parda, de 28 anos, gestante, solteira, ensino médio completo, tabagista, em uso de múltiplas drogas, em situação de rua aproximadamente 1 ano. Sua rede de apoio era fragilizada e os vínculos familiares rompidos. Possuia duas filhas. Estabeleceu moradia com o atual companheiro nas ruas. Referenciada a uma Clínica da Família da zona oeste no município do Rio de Janeiro. Como intervenção, foi realizada articulação com equipe do consultório na rua para compartilhar o acompanhamento; pactuou-se reuniões semanais de discussão de caso com participação da equipe E-multi, CnaR, equipe de saúde bucal e gerência da unidade adscrita; realizou-se a construção do plano terapêutico singular, e a discussão ampliada com a participação do Centro de Atenção Psicossocial, Centro de Referência da Assistência Social; o pré-natal precisou ser munido de constante vigilância visto a situação de vulnerabilidade instalada, com visitas diárias na rua a fim de fortalecer o vínculo; como a gestante era elegível, se enquadrava e foi cadastrada para recebimentos de alguns benefícios do governo, como Programa Lares Cariocas; foi realizada reunião intersetorial com participação do Conselho Tutelar, CnaR, CAPS, CREAS, Lares Carioca, E-multi, ESF e Maternidade, visto o avançar da gestação; com o novo cenário de recusa da gestante ao abrigamento e estando com sua filha de três anos nas ruas, foi necessário a articulação e apoio do conselho tutelar e a discussão do caso com a instituição escolar do território. A construção da Rede de Cuidados e Intersetorialidade para o acompanhamento da gestante em Situação de Rua gerou acompanhamento ampliado de saúde diante de diversos desafios e ações a fim de reduzir as iniquidades sociais e garantir a integralidade do cuidado. Ademais, a gestante recebeu a aprovação do contrato que lhe garantiu um imóvel através do Programa Lares Cariocas antes mesmo do nascimento do seu bebê. Considerações finais: Com a construção do trabalho em rede fica visível que a atuação no território é orientada por uma proposta intersetorial e pela identificação das possíveis redes formais e informais disponíveis para que o cuidado seja integral envolvendo não somente a saúde, mas outros setores para potencializar o cuidado oferecido. A rua como espaço de cuidado deve levar em conta e acolher as demandas das gestantes, desta forma, a rua, rede, unidade de saúde, serviços e espaços devem ser articulados para o acompanhamento.