TRANSFUSÃO SANGUÍNEA: UMA APRENDIZAGEM BASEADA NA SIMULAÇÃO CLÍNICA

  • Author
  • Luiz Felipe Deoti
  • Co-authors
  • Jaqueline Krepski Cardoso , Camilla Dalchiavon , Daryane Braga Candido , Gabriela Demarchi , Kamyle da Veiga , Angélica Zanettini Konrad , Danielle Bezerra Cabral
  • Abstract
  • Apresentação: cada vez mais tem se preconizado metodologias ativas nos cursos de graduação em saúde de modo que estudantes/aprendizes desenvolvam habilidades técnicas complexas em um ambiente seguro com práticas clínicas pautadas nos princípios da promoção, proteção e recuperação de saúde do Sistema de Saúde (SUS), pela lei 8.080 de 1990. Dessa forma, a simulação clínica, como ferramenta metodológica de ensino, possibilita uma prática pautada nas necessidades de saúde individual e coletiva em que o profissional realiza no processo de trabalho. Isso, pode ser uma oportunidade para a repetição e reflexão sobre uma determinada prática sem o risco de causar dano, proporcionando uma avaliação sobre como determinados aspectos poderiam ser aprimorados. A aprendizagem baseada na simulação une teoria à prática permitindo que as limitações do aprendizado, em situações da vida real, sejam superadas. Conquanto, esse resumo trata-se de um relato de experiência de acadêmicos de enfermagem, que descreve a vivência de uma simulação clínica realizada na disciplina de enfermagem no cuidado perioperatório do curso de graduação em enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). O caso clínico discorreu sobre um paciente do sexo feminino, 19 anos de idade, atendida no Pronto Socorro (PS), com diagnóstico de anemia crônica, apresentando uma placa bacteriana em laringe e quadro febril, necessitando de transfusão de três concentrados de hemácias devido à baixa quantidade de hemoglobina (4g/dl), evidenciada no hemograma completo. A portaria nº 158 de 4 de fevereiro de 2016, que dispõe sobre o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos, e a resolução n° 34 de 11 de junho de 2014, que retrata sobre as boas práticas no ciclo do sangue, foram as diretrizes que permearam a leitura prévia dos discentes. Desenvolvimento do trabalho: durante a disciplina de enfermagem no cuidado perioperatório foi proposto, pelas docentes, uma metodologia ativa que seria a simulação clínica. A vivência de uma situação real, em um ambiente controlado, desenvolve habilidades técnicas e não técnicas. A simulação utilizou um plano que continha as bases para simulação em enfermagem do National League Nursing/Jeffries Simulation Theory, no qual direciona uma prática simulada em enfermagem bem-sucedida contendo título, participantes, materiais a serem utilizados, cenário, objetivos, briefing, solução do caso com estruturação teórica e debriefing (discussão sobre as condutas tomadas na simulação, analisando e refletindo as práticas a partir de evidências científicas e guidelines). O briefing proporciona uma base sólida para a simulação, enquanto o debriefing estimula os alunos a analisarem criticamente suas ações, aprimorando habilidades e competências. O laboratório de semiologia e semiotécnica de enfermagem continha estações simuladas como a recepção, a sala de classificação de risco e um corredor do PS. A elaboração do roteiro incluiu seis participantes sendo um médico, uma enfermeira, três técnicas de enfermagem e um paciente padronizado. O roteiro elencava ações dos participantes e questionamentos diretivos para serem pontuadas após o debriefing pelos facilitadores, tais como patologia exposta, duração e reação transfusional, mecanismo compensatório, temperatura ideal dos hemocomponentes, monitorização dos sinais vitais, sistema ABO e fator RH, doação de sangue, ambiente de realização, técnicas utilizadas, identificação e condição dos hemocomponentes, modalidades transfusionais, profissional habilitado para realização do procedimento, possibilidade de transfusão no momento da amamentação, checagem segura, comunicação entre a equipe, presença de agências transfusionais em hospitais, formulários e registro, competências da equipe de enfermagem, análise de cuidados no pré, intra e pós procedimento. Todas essas indagações abertas permitiram que os discentes articulassem suas experiências e relacionassem com o conhecimento ou experiências preexistentes, norteadas pela resolução e portaria supracitadas. O pensamento crítico, solução de problemas, comunicação e colaboração em equipe são habilidades que os estudantes adquirirem no aprendizado da enfermagem médico-cirúrgico. Resultados: a metodologia ativa, por meio da simulação clínica, permeia uma prática assistencial pautada em evidências, auxiliando a cientificização das ações do cuidado e aprimoramento das técnicas em saúde. Ao se deparar com situações reais, esse método de ensino favorece, ao estudante, o raciocínio clínico e tomada de decisões resolutas e humanizadas para que os pacientes tenham seu direito à saúde. As discussões norteadas permearam o motivo pelo qual se realiza uma determinada forma de transfusão, em vista as diferentes modalidades encontradas na prática e descritas cientificamente, sendo elas: I- programada para determinado dia e hora; II- rotina a se realizar dentro de 24 horas; III- urgência a se realizar dentro das três horas e IV- emergência quando a demora da transfusão acarreta riscos à vida do paciente. Também, sobre o papel essencial da enfermagem na administração de hemocomponentes, ao qual, precisa seguir-se protocolos de checagens seguras e duplas antes da aplicação, e a realização do monitoramento transfusional. Acompanhar o paciente no período de 60 a 120 minutos, possibilita a identificação precoce de reações adversas imediatas como reação febril, calafrios, reações alérgicas como prurido e urticária, que podem variar entre leve, moderada e grave, hipotensão, hipotermia, alterações respiratórias como dispneia ou taquipneia, náuseas e vômito, entre outras descritas no material de referência. As fundamentações transcurriculares consideram o conceito fisiológico da hemoglobina e os aspectos sociais e culturais relacionados as religiões que não aceitam determinados hemocomponentes. Nesse exposto, o facilitador promove discussões reflexivas sobre detalhes que muitas vezes passam despercebidos na simulação clínica, fornecendo um feedback construtivo e auto avaliativo, com identificação de áreas passíveis de melhoria. Ademais, a simulação também proporciona aos alunos a oportunidade de explorar a ética e a segurança no ambiente do cuidado, sem o risco de causar danos reais ao atendimento prestado. Isso não apenas reforça a importância da tomada de decisões rápidas, mas, também, os capacitam para lidarem em situações adversas de forma assertiva e segura. Portanto, a metodologia ativa pela simulação vai muito além das singularidades técnicas promovendo, assim uma abordagem holística e humanizada, integrando conhecimentos teóricos, habilidades práticas, ética, segurança e competências. Considerações finais: a simulação concedeu, aos estudantes, uma oportunidade ímpar para dispor conhecimentos teóricos em um ambiente controlado, sob tutoria das facilitadoras da disciplina. Essa é a nossa primeira inserção em cenários simulados com a presença de pacientes padronizados, sendo profícuo as etapas de briefing, simulação e debriefing. Essa ferramenta de ensino enfatiza que a trajetória de ensino-aprendizagem pode ser moldada de diversas formas, em que o itinerário final converge na qualificação profissional dos enfermeiros em uma variedade de contextos de saúde, na qual terão que intervir. A intersecção entre enfermagem, inovação e simulação clínica representa um marco crucial na formação e desenvolvimento dos profissionais de enfermagem, promovendo sempre os princípios fundamentais do SUS.

  • Keywords
  • Enfermagem, Simulação Clínica, Metodologia Ativa, Educação em enfermagem.
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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